sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

FELIZ 2121

 

Feliz 2121!

Júlio olhava seu relógio que marcava 12h55 minutos da última noite do ano; faltavam cinco minutos para o final de 2020, o ano em que o mundo virou do avesso: pandemia da Covid 19; amigos doentes e outros que se foram; desemprego e a solidão do afastamento social. Nem mesmo seus filhos ele podia ver.

Sozinho no seu apartamento, com uma garrafa de uísque vazia adiante, ele enxergava a deformação da realidade refratada no vidro do recipiente, e abanou a cabeça: – Maldito 2020!... Nunca dei sorte com anos terminados em zero, porque números terminados em zero são demoníacos! Terminam na exaltação do nada, do vazio absoluto! – estava muito embriagado. A TV ligada num canal qualquer exibia um desenho animado ridículo com um duende vestido de verde que dizia: - Eh, eh, eh! Vejam meu pote de ouro! Assim que tiver a virada do ano, quem tocar no meu tesouro terá seu desejo realizado! Eh, eh, eh, falta apenas um minuto!

Julio riu: - É mesmo?... Então eu quero,... – levantou cambaleante: -... Eu quero que esse ano de 2020 desapareça da história! – ele acabou tropeçando e caindo perto do móvel onde estava a TV; e balbuciou: - Odeio tudo terminado em zero... Quero que tudo despareça!... – e tocou a tela da TV antes de desmaiar em coma alcoólico.

 

- Senhor Júlio? – cutucando-o – Senhor Júlio, o senhor está bem?

- Ãnh? – ele abriu os olhos e a claridade do dia entrando pela janela o incomodou: - Ah,... Que dor de cabeça!

- Hummm. O senhor bebeu na passagem de ano; estou a ver as garrafas vazias. Deve ter sido um festejo bestial!

- Não teve festa,... Não teve nada,... Não pude chamar ninguém por causa da Covid.

- Oh,... – riso: - Então foi uma festinha a dois?

Ele conseguiu focar o olhar: - Festinha? – olhou-a bem, era uma mulher desconhecida: - Hei; quem é a senhora?... Como entrou aqui?

Ela riu de novo: - Com certeza o senhor passou da conta na bebida, héim? – falava balançando o dedo: - Nem está me reconhecendo; eu sou Maria do Rossio, a arrumadeira!

Julio percebeu seu sotaque: - A senhora é portuguesa?

- Como não! Todos nós somos, ora pois!

- O quê?... Eu nem tenho arrumadeira! – então ele se ouviu; e também falava com sotaque português bem carregado: - Que diabo está a acontecer? Por que estou a falar assim?

- Está a falar como sempre, senhor Júlio!

- Não!... Eu não falo desta maneira; sou brasileiro!

- Ãhn? O senhor é o quê? Brasileiro?... Que diabos é isto; uma seita?

- Não,... A senhora é doida? Eu nasci no Brasil!

Ela se afastou: - O que o senhor andou a beber?... Não me diga que fumou aquela porcaria fedorenta?

Júlio começou a olhar em volta, e não reconhecia aquela casa: - Onde eu estou?... Que sítio é este?... Sítio, o que estou a dizer?

- Senhor Júlio,... Que vergonha, além de fumar o senhor cheirou pó? – ela olhou de lado: - Tem dessa merda a cá; oh minha virgem de Fátima!... Vai ficar parecendo que também gosto dessas porcarias!

Ele levantou ainda cambaleante: - Espere senhora Maria,... Eu não uso essas coisas! – pôs a mão na testa olhando em torno, - Estou ainda tonto,...  Bebi uísque ruim, do Paraguai.

- Paraguai; o que é isto? Alguma arrecadação?

- Não!... – riu, tentando se acalmar: - É uma arrecadação que vende uma bebida muito ruim que está a me deixar confuso!

- Estou a perceber!... E não estou a gostar! – ela andava de costas procurando a maçaneta da porta. – É melhor deixar esta arrumação para depois!

- Espere um pouco,... Senhora Maria! – respirou fundo: - Me responda só mais umas perguntas: que lugar é este?

- É sua casa senhor Júlio!... Ah, a festa foi noutro sítio e o senhor não sabe como chegou a cá! Que carraspana héim?

- A cá? – olhou pela janela, e viu a silhueta dos prédios: - Que cidade é esta?

- Ora? É Lisboa! – ela riu de novo. – O senhor não lembra nem do sitio onde foi á festa com a senhorita Covide?... Namorada nova, héim?

Ele correu á janela e viu a paisagem urbana da velha cidade, e se assustou. – Meu Jesus! – então veio uma última e inquietante lembrança da noite passada, e se virou á Maria: -... A senhora já ouviu falar no número zero?

- Número, o quê?

- Zero! Assim: é uma unidade numérica que isolada representa a ausência de valor!

 Ela abanou a cabeça em negação: - Acho que o senhor está muito mal,... – e já foi abrindo á porta para sair.

- Só mais uma perguntinha, pelo amor de Deus!... Hoje é dia primeiro de que ano?

Ela respondeu: - O ano de 2121!

- O quê?... E o ano que acabou,... Era o qual?

- Ora, pois? 2119! – abriu a porta e saiu: - O senhor está muito esquisito!... Peça a senhorita Covida que o leve ao médico,... Ou a um sanatório! – e saiu correndo batendo a porta.

Júlio ficou um tempo parado no meio daquela sala estranha. – Não é possível! – então buscou uma revista e foi contando as páginas: - 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9;... 11? Cadê a pagina 10? – foi folheando-a, e também não havia as páginas 20; 30 e nem 40! Então buscou outra revista sem qualquer referência ao número zero; o próprio preço na capa era estranho, sem zeros. – Oh não!... Maria não sabe o que é Brasil,... Não, oh não! – Júlio procurou seu notebook, não o encontrando. Depois buscou seu celular, e também não o achou; mas havia uma estante cheia de livros. Rapidamente encontrou um atlas, e quando foi buscar a America do Sul, ficou estarrecido, pois a divisão dos países era diferente, e onde deveria estar o Brasil, havia um país chamado Zuid-Holland. – Que merda é esta?... Espere: o dia 21 de abril de 1500 possui zeros!... Este ano nunca existiu? – atirou o livro longe. – Então,... Os holandeses colonizaram o Brasil?... Ou nunca existiu Brasil? – Júlio andava em círculos, completamente apavorado: - Não!... Isto é um pesadelo, é isto!

Então a porta se abriu e entrou um homem de meia idade já falando: - Júlio, o que está a acontecer? A senhora Maria passou por mim apavorada a dizer que tu não estás bem!

Ele se afastou assustado: - Quem é o senhor?

- Pare com esta besteira, eu sou teu pai!

- Que palhaçada é esta?... Meu pai está morto há seis anos!

O homem colocou as mãos na boca e disse: - Ah, filho! Não me diga que estás a usar aquelas porcarias de novo?

- Eu não usei nada!... Isto aqui é um pesadelo; eu sei que é! – e foi se afastando.

- Meu filho,... Se tu usaste algum entorpecente na passagem do ano, o efeito vai passar!... Fique calmo. – olhou em volta: - Dona Maria disse que há uma mulher com você, chamada Covida. Onde ela está?

- Pare com isto!... Covid é um vírus que matou milhões de pessoas em 2020!

- Do que estás a falar Júlio?... Vírus? E este número que estás a dizer; o que é?

Julio se afastou até passar diante de um espelho; e quando o olhou: - O que é isto?... Esse não sou eu! – a imagem não mostrava o homem cuja fisionomia se reconhecia: - Não pode! Não pode! – tirou-o da parede e atirou-o ao chão: - Que truque é esse?... Heim?

- Calma filho,... Venha, sente-se aqui, vou buscar água!

Julio o empurrou e saiu correndo pela porta; era um prédio antigo com escadarias de madeira que ele descia absolutamente desnorteado. Ao chegar á rua, um novo susto: os automóveis pareciam uma mistura de muitas épocas antigas, enquanto que as pessoas usavam trajes estranhos uma miscelânea de modas. Ele andava pela rua gritando: - Isto é um sonho!... Nada disto existe! – e enquanto andava, percebia que as placas dos veículos não possuíam zeros; e na verdade, nada trazia o número zero. Aquela cidade era Lisboa? Os casarões e as Igrejas realmente lembravam a capital portuguesa. As pessoas carregavam bolsas á tiracolo de onde tiravam aparelhos grandes semelhantes a rádios antigos com antenas enormes. Ele não compreendia o que era aquilo até passar pela vitrine de uma loja com aqueles aparelhos em exposição. Ele entrou e uma vendedora o atendeu: - Pois não senhor?

- O que são esses aparelhos na vitrine?

- Ah, não os novos falantes de última geração! – pegou um para demonstrar, e era pesado: - Este é o modelo Fantastic 444, um dos mais vendidos! – E puxou uma antena. – Com este aparelho o senhor poderá falar até á Madri, é a maior cobertura da Europa!

- Isto é um celular?

- Como disse? – perguntou a vendedora levantando as pestanas.

- Quero dizer,... É um telefone?

- Oh, não. Este é um falador!... O que é telefone?

- Esquece!... Obrigado moça! – ele saiu da loja, notando que havia aparelhos imensos com vídeos ovais análogos as TVs com anúncios indicativos do número de válvulas que cada um usava.  – Válvulas?... Igual ás televisões antigas? – ele pôs a mão na cabeça pensando que se não havia o número zero, como poderia existir computadores e informática? – Não é possível!... Eu não fiz isto! – e saiu correndo pela rua completamente perdido. Ele notou que os tais “faladores” eram versões melhoradas dos rádios comunicadores do início dos transistores. Aquela civilização parecia estacionada na década de 1960!

Era tudo extremamente estranho, mas só poderia ser um pesadelo. Nada daquilo era possível.

Júlio caminhou a ermo pelas ruas daquela estranha Lisboa por um tempo que nem ele mensurava: horas; dias? Então resolveu se deitar no banco de uma praça; era madrugada e fazia muito frio. Sim, aquela era uma sensação palpável, e talvez se ele adormecesse o pesadelo tivesse fim ao acordar.

 

Porém, quando Júlio despertou a esperança do final daquele sonho ruim se dissipou.

- Meu deus, o que é isto?... Não é possível! – falava enquanto caminhava por aquelas ruas repletas de gente e coisas totalmente desconhecidas. Sentia-se como uma assombração!

Depois de muito vagar, faminto e com sede, chegou a uma rua estreita e, já sem forças sentou no chão calçado de pedras. Veio alguém, que ele só conseguia ver o vulto, que perguntou: - Hei! O senhor está a se sentir mal?

-... Sim,... Eu,... – Júlio não conseguia falar. O homem perguntou novamente: - De que sítio o senhor veio?

-... Do Brasil,... – e desmaiou.

 

Suas mãos sentiam a maciez de uma manta lhe cobrindo, e ao abrir os olhos, estava deitado no sofá, numa sala pequena com moveis rústicos. Parecia uma casa muito antiga. – Outro sítio que não sei onde é. – resmungou desanimado. – no ar pairava um cheiro bom de comida. Então Júlio se sentou e olhou em volta: havia uma lareira acesa e uma singela árvore de Natal. De uma porta veio um homem de barbas e cabelos grisalhos, que se aproximou: - O senhor está melhor? – Júlio olhou-o de lado com expressão de dúvida; o homem entendeu e sorriu ao dizer: - Fique tranquilo, Não sou o Papai Natal! Meu nome é Emanuel, e o encontrei caído à rua perto de minha casa.

- Eu fico grato. Mas,... Porque fez isto? O senhor tem por costume trazer gente estranha para dentro de sua casa?

Ele puxou uma pesada cadeira de braços e se sentou: - Devo confessar que não! Mas preciso dizer que ao ouvi-lo passar perto de minha janela,... – apontou: -... – Eu percebi que o senhor precisa de muita ajuda que somente eu posso lhe proporcionar.

Júlio abanou a cabeça: - Por favor, senhor Emanuel; eu fico agradecido pela sua acolhida, mas também devo confessar que não estou interessado em enigmas. Portanto, seja direto, e diga por que abriu a porta á um estranho?

Ele aproximou apoiando o cotovelo no braço da cadeira: - Por que o ouvi falar enquanto caminhava; e tu falavas de uma maneira que não ouço há muito tempo: num dialeto português que escutei certa vez num sítio chamado Brasil!

Surpreso: - Como é?

- Sim! Tu falavas neste dialeto.

Júlio riu: - O dialeto de um sítio que nunca existiu, porque em 1511 o navegador Pedro Alvarez Cabral chegou ás costas da parte ocidental da África! – deu de ombros: - Uma professora que encontrei na Praça do Comércio contou-me uma história diferente da que eu conhecia. Segundo ela, Portugal não encontrou terras no além-mar abaixo da Linha do Equador e se contentou com o domínio oriental garantido pelo Tratado de Tordesilhas de 1494, uma data sem zeros. A coroa espanhola sorriu de orelha á orelha por este deslize, pois teria todo o continente Sul Americano para si, até que em 1637, outra data sem zeros, um navegador holandês chamado Maurício de Nassau, desconfiou que pudesse haver terras aos lados ocidentais do tratado e veio dar em costas brasileiras. Então, como nada daquilo tinha dono, foi ficando no que se tornou o país Zuid-Holland, algo como Holanda do Sul! – Júlio olhou firme Emanuel e falou: - Agora que eu já estava convencido de que o Brasil e tudo que eu lá vivi por quarenta e sete ano, nunca existiram, senão na cabeça de um gajo drogado, me vem o senhor dizendo que conheceu este sítio? – levantou as mãos: - O que é isto? Uma emboscada para me enlouquecer?

- Não acredito que se fizesse tamanha pantomima apenas para enlouquecê-lo; vou lhe explicar tudinho, mas antes, responda-me: qual a última coisa que vistes no Brasil antes de vir á cá? O que estavas á fazer?

- Eu estava na minha casa, bebendo uísque para afogar várias tristezas do final do ano 2020,... Quero dizer: 2119,... Ou alguma porra assim! Então, a televisão, ou vicejador...! – riu: - Passou um desenho animado com um duende verde que prometia realizar-me desejos se tocasse na tela á meia noite,...

Emanuel o interrompeu: - Então tu desejaste o quê?

- Que o ano de 2020, nunca tivesse existido, assim como números com zeros, que odeio porque quase sempre fiquei na merda em anos com zeros!... Já nem sei se isto ocorreu de fato.

Emanuel ficou alguns instantes, calado, apenas observando Júlio, até se explicar: - Há uma dezena de anos, eu estava a cá, nesta mesma sala, à passagem do ano de 1999 para o ano de 2111. Eu estava muito triste, amargurado e embriagado. A vida estava a me reservar um desgosto a cada curva da estrada, e eu já não aguentava mais! Estava sozinho, pois minha esposa havia me abandonado depois de chamar de fracassado. O vicejador estava ligado e exibia o desenho de um duende ruivo de cartola e fraque verdes que prometia realizar o desejo de quem tocasse no vidro do aparelho ao momento da passagem do ano. Oh, estava a fazer um frio dos diabos, então eu toquei na tela do vicejador desejando sumir á um paraíso tropical, bem longe deste inferno! – abanou a cabeça: - Eu desmaiei e acordei á mesa de uma espécie de taberna á beira de uma praia espetacular! O que foi aquilo? Perguntei-me. A resposta veio de imediato com um gajo a me cutucar e dizer: “E aí meu irmão; cabou a festa, pode vazar!”. Não compreendi o que ele dizia, mas entendi que deveria pagar a conta das bebidas com um dinheiro que eu não conhecia. Eu não entendia nada! Então apareceu uma rapariga e um gajo que se diziam meus filhos e me chamavam de “bêbado”. Levaram-me a uma casa onde uma cachopa deste tamanho, que dizia ser minha esposa, também se pôs a me insultar. Olhei um espelho, e não era eu! – levantou-se e andou em círculos: - Que diabo era aquilo? Eu estava num sítio estranho chamado Canoa Quebrada num país chamado Brasil que nunca tinha ouvido falar! Oh, eu não tive a mesma sorte de tu, que encontraste uma professora bondosa que lhe explicou onde estavas, mas sim pessoas que pensaram que eu estava louco e me trancafiaram num sanatório. – ele parou: - Sim. Um sítio para loucos. Diagnosticaram-me como esquizofrênico e abandonaram-me lá, entupido de calmantes. Convenceram-me que nunca estive em Portugal, e que a realidade que eu pensava viver, não passava de delírios de um louco alcoólatra. E eu, sem encontrar outra explicação, acreditei. – Emanuel tornou a se sentar: - Apenas um senhor negro, também interno, me dava atenção e dizia sempre: “cuidado com o tu desejas, porque desejos são traiçoeiros!”. Mas ele veio a falecer logo, e eu passei o restante daquele ano de 2010, que eu não conseguia entender, conformado com o destino.

- E o que aconteceu depois, uma vez que o senhor está aqui?

- Ao último dia do ano eles realizaram um festejo de passagem do ano aos loucos mais,... – riso: - Mais calminhos! E eu participei. Poderíamos ver um espetáculo pirotécnico gigante transmitido ao que chamavam televisão, que acontecia numa praia chamada Copacabana. Sentei-me para ver, mas antes do espetáculo, passariam desenhos animados, e qual não foi meu espanto ao ver o mesmo duende verde á dizer: “Vejam meu pote de ouro! Assim que tiver a virada do ano, quem tocar no meu tesouro terá seu desejo realizado!”. Oh, naquele momento a fronteira da loucura e da sanidade desapareceu, e eu compreendi o que o preto velho me disse sobre desejos. Eu desejei estar no paraíso tropical que pensava ser prefeito, mas não era, e ali estava minha oportunidade de desfazer o desejo! Imediatamente levantei-me e corri ao aparelho para lhe tocar a tela antes de findo o ano; mas enfermeiros pensaram que era um surto e tentaram me segurar. Eu me debati e eles me aplicaram uma injeção. Desmaiei, mas antes consegui tocar a tela desejando retornar ao que era antes! – respirou num alívio: - Então acordei nesta mesma sala, deitado ao chão. Estava de volta ao primeiro dia do ano 2111, aqui! Tudo que aconteceu naquele sítio chamado Brasil, desapareceu. Pensei que tivesse sido um pesadelo por causa da bebida, até escutar tu passando á minha janela á falar como os brasileiros falavam no meu delírio. Então,... Não foi delírio! – olhou-o: - Compreendeste porque abri minha porta á um estranho?

Júlio abaixou a cabeça: - Por favor, senhor Emanuel; se não tens certeza do que dizes não me dê esperanças vãs!... Já não entendo mais o que é loucura nesta história. – olhou-o: - Que garantias eu posso ter que tu não és um louco apiedado de outro louco que encontras á soleira de tua porta?

Emanuel encostou-se ao respaldar da cadeira e respondeu: - Só posso oferecer a garantia da minha palavra na condição de alguém que passou um ano num inferno fantasiado de paraíso, trancafiado numa casa de loucos! Mas tu tens o direito de duvidar, e sair por aquela porta. Não irei segurá-lo.

Após uns minutos, Júlio falou: - Por favor, perdoe-me! Não tenho direito de duvidar de nada; estou perdido, confuso e recusar tua acolhida é algo que não posso fazer. Eu creio na tua palavra.

- Tu és sensato.  

 

 

 CONTINUA.

7 comentários:

  1. Incrível! Amei! Aguardando a continuação. Parabéns Ramon!

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  4. Muito criativo, adorei a ideia de suprimir da história o número zero. Aguardando a próxima parte...

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  5. Que venha a segunda parte, "ora pois"...

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  6. Sensacional, Ramón!!! Muita imaginação rsrsrs. Ansiosa pela continuação...

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