domingo, 6 de junho de 2021

CONTOS DE MAIO. - MÔNICA - PARTE FINAL.

 

 

 

Mônica foi convidada para um chá com a rainha no seu jardim de inverno, e foi recebida pela aia que a serviu e se retirou. Vanozza olhou-a e foi direta. – Senhorita: eu a chamei  para uma conversa séria.

- Sim majestade. – respondeu apreensiva. – Aconteceu alguma coisa?

A rainha trazia papéis ás mãos e falou: - É sobre o senhor Marco Fillipo. Acreditamos que doravante se torne uma relação inadequada a uma princesa.

- Por que, majestade?

- O senhor Fillipo tem  comportamentos que podem comprometer a corte.

- Majestade, com todo o respeito, mas isto é porque Marco é gay?

- Não senhorita; isto nós toleramos. O problema está no fato dele não ser confiável. – colocou o papel aberto sobre a mesa. – O senhor Fillipo mantém relações com paparazzi, estes jornalistas que estão sempre em busca de informações intimas de pessoas famosas para ás converter em fofocas nos seus tabloides, e naquela e noite em Marselha, quando a senhorita e Giancarlo foram emboscados por uma horda de paparazzi, foi o senhor Fillipo que forneceu as informações. Nós investigamos. – apontou aos papéis, que Mônica apanhou, leu e se espantou: – Mas,... Como ele soube que eu ia me encontrar com o príncipe?

- A senhorita certamente não sabia que Giancarlo era um monarca! Estou errada?

- Não, claro que eu não!

- Mas o senhor Fillipo, sim! Em algum momento a senhorita lhe falou sobre seu relacionamento com um italiano, e iriam se encontrar em Marselha naquela noite?

- Sim, eu falei do nosso encontro...

Cortou-a: - E desta forma passou á informação ao senhor Fillipo, que a repassou aos paparazzi! – ela suspirou e prosseguiu: - Senhorita. Talvez não tenha entendido o que lhe disse outro dia, mas agora serei clara! – olhou-a firme. – O reino de Britti é aquilo que se chamam “paraíso fiscal”, e creio que isto não deva ter passado despercebido á senhorita. O que não ficou entendido são as implicações que isto traz aos ocupantes do trono de Britti!  Somos uma monarquia parlamentarista; temos assembleia, primeiro ministro e tudo mais, porém, herdamos uma maneira de governar de contornos absolutistas! Suponho que a senhorita saiba o que é isto.

- Sim, majestade.

- É ótimo que saiba. Isto me poupa de explicações! – Tomou um gole de chá para molhar a garganta e prosseguiu: - O poder está em nossas mãos há séculos e isto é inquestionável. Está escrito na nossa Carta Magna, que em seu país é chamada Constituição. Porém isto também traz uma carga de imensa responsabilidade aos monarcas que ocupam o trono de Britti! Nossos bancos guardam boa parte das fortunas escondidas do mundo, e isto se reverte em impostos que garantem ao reino e seus habitantes uma vida muito tranquila, á qual ouso dizer: de luxo! Contudo, a Europa está salpicada de pequenos reinos que também são paraísos fiscais que estão sempre á espera de um descuido nosso para tentar nos desmoralizar e assim tomar os clientes dos nossos bancos, que prezam o sigilo acima de qualquer coisa! Portanto a senhorita pode imaginar que quando paparazzi conseguem burlar nossa segurança, para fazerem carnaval nos tabloides com o relacionamento do príncipe herdeiro, isto pudesse deixar nossos clientes receosos de mais vazamentos de informações! – a rainha se encostou ao respaldar da cadeira e disse: - Isto seria muito ruim para nós. O parlamento também está sempre buscando meios de nos puxar o tapete. Posto isto, talvez seja imperioso que a senhorita rompa relações com o senhor Fillipo, que se mostra indigno de confiança! – olhou-a: - Lembra quando eu falei de decisões acertadas que não são as que desejamos tomar?

- Sim majestade. Eu entendi. Confesso que fiquei surpresa e decepcionada com Marco, que sempre tive como amigo e confidente. – pousou o papel na mesa: - São aprendizados difíceis; mas,... Eu tomarei a decisão acertada!

A rainha sorriu e concluiu: - Fico muito feliz que esteja compreendendo qual seu novo papel na vida! – chamou a aia para ajuda-la, e falou: - Com licença, preciso me retirar. Aprecie o lanche. A torta de nozes está mais deliciosa que no outro dia! – e saiu do jardim.

Mônica ficou estática. Não tinha apetite para nenhuma guloseima, e seguiu aos seus aposentos.

Ela respirou fundo, e fez uma ligação: - Alô Marco!

- Alô querida!... Já sei; pensou melhor e vai voltar ao meu book?

- Nada disso! Eu vou fazer umas perguntas, e quero respostas honestas! Foi você que deu a dica aos paparazzi do lugar onde eu encontraria Giancarlo em Marselha?

- O quê?... Como assim querida, não entendi!

- Resposta errada, vamos á próxima: você sabia que Giancarlo era o príncipe herdeiro de Britti?

- Ora,... Ah, todos os príncipes da Europa são conhecidos, eu pensei que você soubesse e estivesse fazendo segredinho para mim!

- Mentira! Você sabia que eu não tinha conhecimento disto, e se aproveitou da confiança que eu lhe devotava para passar fofocas aos paparazzi; tenho provas disto, não tenta me enganar!

- Está bem, está bem, você me pegou!... Mas não se faça de ingênua, porque você não reclamou quando eu passei aos paparazzi, informações quentes dos seus encontros com aquele ator de Hollywood! Esqueceu-se do up que isto deu na sua carreira, querida?

- Não me esqueci!... Olhe: eu sou muito grata a tudo que você fez por mim; que sem sua ajuda jamais chegaria aonde cheguei. Mas agora,... Agora é diferente! A vida me impôs outro papel, que não posso recusar!

Marco riu: - Ora, ora; ela já está até falando como eles, e suponho que vá fazer o mesmo que fez Grace Kelly, Diana e outras deslumbradas com a realeza, que viraram as costas aos amigos!

- Não é isto Marco,... Não é uma escolha que eu queira fazer, mas é preciso!

- Não desperdice seu latim comigo, eu já entendi, e acato as decisões de sua majestade; mas, se permite, vou dar um alerta: sabe por que de vez em quando a realeza procura plebeias para se casarem? Porque eles consideram-nas burras o bastante para não olharem em volta; mas não se iluda. Podem colocar a tiara de princesa de Britti na sua cabeça; mas para eles, você sempre será uma plebeia, vassala da corte!

- Que pena você não entender Marco. Tenha uma boa tarde! – e desligou.

Depois se jogou na cama aos prantos.

Á noite, nunca conversa com Giancarlo, ela foi franca: - Eu quero que uma coisa fique bem clara: eu não sabia que você é um príncipe, e nem agi de comum acordo com Marco para estampar nosso caso em tabloides!

- Eu jamais pensei isto...

- Espere; ainda não terminei. – respirou ao prosseguir. – Eu sabia que Marco usava desses estratagemas para colocar as modelos de sua agência na mídia. Fizemos isto uma vez! – olhou-o: - Mas eu garanto que não participei de nenhum tipo de armação com paparazzi no intuito de me colocar ao lado de um príncipe para forçar nosso relacionamento ou me promover ás custas disto! – ocorreu breve silêncio, e falou: - Nestes dias que estou neste palácio, me mostraram a seriedade que tudo isto aqui exige; as renúncias que terei que fazer perante as escolhas que tenho pela frente. Talvez a mais importante da minha vida, que estou disposta a aceitar de todo coração e coragem! Não me importa que outros me vejam como uma arrivista deslumbrada com a possibilidade de virar princesa; oh, qual mulher não desejaria isto? Mas eu quero realmente que minha escolha, seja ao mesmo tempo a certa, e a acertada. – Giancarlo lhe lançou um olhar úmido, que rapidamente limpou com as costas da mão. Mônica perguntou: - O que foi amor?

- Eu estou emocionado!... Não estou acostumado com isto, mas estou extremamente feliz! Amor; você realmente é uma princesa. Meu coração não se enganou: você é a escolha certa! Sei bem ao que você está renunciando; e agora vejo que realmente entende a grandeza, e a responsabilidade que esta assumindo. Por isto me emocionei!

Os dois se abraçaram num longo beijo, seguido do desejo. E se amaram.

Depois ficaram lado a lado na cama, em silêncio após o sexo. Giancarlo a olhou e falou: - Renúncias,... Escolhas. – suspirou: - Coisas difíceis! – e olhou seu relógio.

- Ah, já sei. Você precisa ir; eu entendo.

- Não! Eu acho que está na hora de mandar as tradições ás favas! – abraçou-a: - Não vou embora! Doravante ficarei com você até amanhecer. Já somos e fato homem e mulher!

Ela sorriu e o abraçou beijando-o.

- Mas antes, eu preciso desmarcar uma reunião que teria esta noite.

- Com os árabes?

- Sim! – riu ao se levantar, vestir o robe e buscar seu celular. – Vou conversar no corredor; depois iremos á casa de banhos para uma ducha, nós dois! Que tal?

- Mal posso esperar!

Ele saiu do quarto e Mônica ficou deitada na cama. Estava radiante. Ainda o ouviu elevar a voz ao celular, imaginando uma conversa difícil.

Em minutos ele voltou ao quarto: - Pronto; sem reuniões noturnas. – deitou na cama. – Agora, apenas encontros de amor!

Abraçaram-se.

Então se ouviu ao longe o ruído de uma motocicleta. Mônica olhou e volta, e Giancarlo acariciou sua face noutro beijo.

A partir daquele dia, as noites nos aposentos da futura princesa eram de amor, sexo e juras de amor. O príncipe amanhecia ao seu lado na cama, ela olhava-o dormir de boca aberta parecendo um menino.

Estilistas italianos e franceses brigavam quase a tapas para fazerem o vestido da futura princesa de Britti, que preferia uma estilista brasileira. Mas aí vinham as escolhas por conveniência, e não as desejadas.

Numa tarde, a professora de etiqueta não pôde comparecer, e Mônica seguiu aos seus aposentos para um cochilo. Ao passar pelo corredor, ouviu o rangido na parede, e quando se virou, viu uma porta secreta se abrir. Era Eva que vinha com um casaco nas mãos, e ao vê-la falou: - Oh mein Gott!... lady Mônica. Não vi que estava aqui.

Ela aproximou e perguntou: - O que é isto, uma porta secreta?

- Erh,..., sim, é um passagem secreta.

- Leva para onde? – espichou o pescoço para ver.

- É acesso a outras partes do castelo. Serve de rota de fuga da rainha e do príncipe em caso de perigo.

- Que perigo?

- Golpes, levantes; Assim torna-se necessário proteger os governantes, e lava-los a lugares seguros para que o Estado seja preservado! – Mônica olhava espantada, e Eva prosseguiu: - Não era para lady ter visto isto ainda.

- Por quê?

- É uma regra de segurança que qualquer novo membro da corte só venha a conhecer essas passagens depois do casamento. Neste caso, o príncipe Giancarlo lhe mostrará todas elas assim que estiverem casados.

- Ah, eu entendo!

- Sim. Hum... Quis subir depressa para deixar este casaco na copa, e fui descuidada. Mas gostaria de pedir que não conte ao príncipe que conheceu esta entrada secreta fora do tempo. Eu seria repreendida.

- Pode deixar Eva; não vou falar nada, e ficarei surpresa quando Giancarlo me mostrar! – olhou o traje que trazia ao braço. – De quem é este casaco?

- É..., Meu! – Fechou a passagem e falou. – Com licença, lady, vou guardar o casaco. – fez leve reverência e se retirou.

Mônica ficou encantada. Era mesmo um castelo!

 Os preparativos da festa de noivado estavam adiantados; faltavam poucos dias para a oficialização do enlace do ano.

Mônica já dominava o dialeto de Britti, e isto a tornava cada vez mais popular no reino. Até seu corte de cabelo passou a ser copiado pelas súditas!

Ás vezes sentia que tinha sido injusta com Marco, a quem devia o sucesso de sua carreira de modelo na Europa. Sabia que foi ingrata com ele, mas também tinha convicção na sua decisão acertada.

Certa noite, ás vésperas da cerimônia de noivado, Mônica e Giancarlo estavam no leito trocando carícias: - Estou nervosa!

- Por que amor?

- Ah,... Não é todo dia que se fica noiva de um príncipe. Tenho medo de não estar á altura do meu desejo.

- Que bobagem Mônica querida! Não poderia ter aparecido uma princesa melhor e mais preparada. Mamãe gosta de você!

- Verdade? Nossa,... Isto me faz sentir ainda mais nervosa!

- Não há motivo para isto; está tudo pronto. Será maravilhoso!

Então ouviram barulhos externos semelhantes á estampidos.

- O que foi isto? – perguntou Mônica.

- Não sei! – Giancarlo levantou e chegou á janela, na espreita. Mônica aproximou e ele mandou que afastasse. – Deixe-me verificar o que foi isto! – buscou seu celular para uma ligação e seguiu ao lado oposto do quarto e perguntou: - Está acontecendo algo de errado?... Quando foi isto?... Agora?... Certo, vou descer imediatamente!

- O que aconteceu amor?

Ele se aproximou e respondeu: - Não é nada para se preocupar, mas eu prefiro verificar pessoalmente! – deu uns passos até a porta e falou. – Pode ser que eu demore um pouco! Talvez façamos uma ronda em volta do palácio, Temo serem paparazzi escondidos no bosque, esperando a cerimônia amanhã.

- Patifes! Ponha-os para correr! Eu ficarei esperando.

Ele sorriu, saiu e fechou a porta.

Mônica teve intuição de algo e buscou seu celular para uma ligação: - Marco?

- Sim?... Oh sim, lady Mônica! Em que posso servi-la?

- Por acaso você enviou paparazzi para xeretar minha festa de noivado?

- O quê? Está louca?

- Sem dissimulações, apenas responda!

- Não se dê tanta importância amore mio; você já está fora da minha playlist! Se há algo que não tolero, é ingratidão. Sem minha ajuda você ainda estaria fazendo campanhas de maiôs e biquines em TVs regionais até hoje!

- Não me precisa me jogar isto na cara, eu sei,... Mas,... Será que não entende? É algo que eu quero muito!... Que droga, a gente não pode querer mais do que a vida programou? Acha que não tenho direito?

- Olhe: Não lhe quero mal Mônica, mas fiquei magoado pela forma como você me descartou. Também tenho direito de ficar magoado, ou não?

- Eu não fui legal com você, eu reconheço. Só posso pedir perdão por esta fraqueza. Eu não me sinto capaz de assumir esta responsabilidade; estou com medo.

- Só posso te dizer que a escolha foi sua!... Mas está tudo bem, eu aceito suas desculpas. Mas acho melhor ficarmos mais distantes para evitar atritos com sua nova família.

- Sim. Eu ficarei com saudades, isto é de coração. Mas independente que qualquer coisa, eu posso ligar de vez em quando?

- Ah, O que vocês não me pedem aos prantos e eu não faço com sorrisos nos lábios? Na medida do possível eu atenderei e desejo que seja muito feliz! Também é de coração. Agora preciso desligar.

- Sim. Obrigada por tudo Marco.

Despediram-se, e Mônica deitou na cama com a alma mais leve, como se tirasse um peso da consciência. Olhou á porta aguardando pelo príncipe, mas não lhe contaria a conversa com Marco; pelo menos, ainda não.

Passaram-se vinte minutos angustiantes onde cada ruído externo causava sobressalto á Mônica, que temia chegar á janela. O que estaria acontecendo?

Então seu celular tocou. Era o número de Giancarlo, mas não foi ele que falou: - Lady Mônica?

- Eva?

- Sim.

- Onde está Giancarlo?

Ela sussurrava: - Lady, precisamos ser rápidos. Identificamos sinais de movimentações nos arredores do palácio que suspeitamos serem rebeldes!

- O quê, rebeldes?

- Exato! Há grupos contrários á monarquia que ameaçam tomar o palácio! Não temos certeza de nada disto, mas é preciso precaução. Lady deve acessar a passagem secreta que viu outro dia; aperte o pedra branca no parede, e ela abrirá! Desça as escadas, ao final empurre a parede e chegará ao pátio da garagem! Entre na porta em arco, suba a escada e vá até última porta do canto. A janela ao lado estará de luz acesa; é sala da guarda! A rainha Vanozza está esperando. Serão levados á um bunker onde ficarão em segurança!

- E Giancarlo, a onde está?

- Já está á caminho, venha rápido, não há tempo a perder. Entre na sala da guarda em silêncio!– e desligou.

Foi apenas o tempo dela vestir um casaco sobre a camisola calçar seus tênis, e sair ao corredor. Ela procurou a pedra branca incrustada na parede, que se abriu ao apertá-la. Havia uma escadaria helicoidal que levava ao térreo. Tinha luzes acesas. Ao chegar ao fim viu a parede. Empurrou-a abrindo uma porta decreta no pátio da garagem, justamente no paredão abaixo do mirante. A luz estava acesa no andar de cima no local que suspeitou ser o quarto de Eva, mas era a sala da guarda. Mônica seguiu pelo acesso avarandado e abriu a porta em silêncio. Era uma saleta com sofá, TV, e cartucheira pendurada ao lado do casaco que Eva trazia outro dia e lembrou o mesmo que o homem avistado do mirante usava. Mas não havia tempo á divagações; tinha outro cômodo com a porta levemente encostada, era lá que devia estar Eva.

Ao abri-la, viu Giancarlo ajoelhado no chão fazendo sexo oral com Eva, que sorriu.

Pasma, Mônica cobriu a boca com as palmas das mãos, enquanto Eva falou: - Como foi mesmo que sua noiva disse outro dia Gian?

Ele parou um instante e respondeu com zombaria: - “Não me importa que outros achem que sou deslumbrada com a possibilidade de virar princesa!” – riu: - “Eu quero que minha escolha, seja ao mesmo tempo a certa, e a acertada!”.

- E o que você acha disto?

- Ora Maarten!... Fiquei com pena!

- É mesmo? Então porque não diz isto á ela? – apontou.

Ele se virou e ao vê-la caiu para o lado. Então Mônica descobriu que Eva Maarten, era um homem!

Giancarlo ficou assustado e gritou: - O que está fazendo aqui?

Ela abanou cabeça ao responder: - Isso é nojento!... Se é de homem que você gosta por que me iludiu?

Eva riu e respondeu: - Muito simples lady! É porque a senhorita é a escolha acertada!

- Cala sua boca Maarten! – ordenou.

- Porque devo me calar mais? – abriu os braços: - Me calo desde que éramos meninos e você dizia que eu seria sua princesa, lembra?

Giancarlo levantou e segurou Eva pelos braços: - Cala a boca, eu já mandei!

- Disse que iria enfrentar tudo por que me amava, e eu acreditava, e me calava a espera da nobre decisão do monarca de Britti. – desvencilhou de Giancarlo, e o segurou por trás: - Então o príncipe chegou a mim e disse que não poderia decidir o que queria porque precisava fazer uma decisão acertada! – empurrou-o ao chão e apontou a Mônica: - Lady é a decisão acertada, enquanto que eu, sou a decisão certa, que esse covarde não tem coragem de assumir!

Giancarlo se levantou e olhou Mônica saindo do quarto e a segurou na saleta: - Entenda querida!... Eu não posso assumir o relacionamento com um homem, que é só tesão e nada mais!... Lembra que agora, você é uma monarca que precisa entender dessas particularidades da corte!

Eva gritou: - Sim! Lady precisa entender que o príncipe Del Britti não passa de um drecksac! –riu: - Filho de uma puta!

- Cala a boca seu viado!

- Schwuchtel? – riu: - Olha só quem fala; covarde que nem o pai! Outro schwuchtel que ia fugir com um homem, mas morreu antes da fuga... Ou foi durante?

- Eu já falei para parar com isto! Cale-se!

- Schwuchtel, schwuchtel! Igual ao pai! Schwuchtel!

Furioso. Giancarlo pegou uma pistola na cartucheira e desferiu um disparo direto entre os olhos de Eva, que foi lançado para trás caindo de costas já sem vida.

Apavorada, Mônica saiu correndo pela porta enquanto Giancarlo se jogava sobre o corpo de Eva, gritando: - Maarten!... Perdão! Eu não queria ter feito isto, perdão!

Ela correu ao pátio da garagem completamente transtornada. Então viu um carro da guarda parado perto da guarita, com seu motor ligado e porta aberta. Imediatamente Mônica entrou no veículo e saiu em disparada, arrebentando a cancela, rumo ao acesso do portão principal do castelo; tudo ali a enojava! Ela conseguiu pegar seu telefone no bolso do casaco e fez uma ligação: - Alô, Marco?

- Mônica?

- Sim sou eu!... Você tinha toda razão!,.. Eles não prestam!

- Quem não presta?... A ligação está ruim!

- A nobreza!... É tudo podre e nojento!

- É o quê? Alô?

Ela percebeu que outro carro da guarda a seguia. A ligação caiu, e Mônica largou o aparelho, agarrando as duas mãos ao volante e pisando fundo. Pretendia chegar rápido a cidade italiana de Como para pedir ajuda. Em instantes avistou o arco de entrada do castelo com seus portões fechados. Não havia alternativa senão tentar arromba-lo com o carro. Então acelerou mais.

O veiculo colidiu contra os grossos portões de ferro, que conseguiram detê-lo, causando uma violenta explosão.

 

 A rainha Vanozza abanava a cabeça tendo um jornal ás mãos, enquanto dizia: - Mesmo se passando seis meses da morte de Mônica, as pessoas não a esquecem. Fazem romarias nos portões do palácio deixando flores, velas e uma infinidade de bobagens com a cara dela estampada. Até um cantor lançou uma canção em sua homenagem! – jogou o periódico numa cadeira e falou: - Parabéns, você conseguiu criar uma quase princesa defunta pop star!

Ocorreu um longo silencio, até ela perguntar: - Não tem nada a dizer?

Giancarlo meneou de leve a cabeça e respondeu: - Apenas que consegui evitar o escândalo. É isto que importa!

- Realmente, você foi perfeito!Até convenceu á todos que o segurança alemão,... Ou Eva, cometeu suicídio. Devo dar meus parabéns outra vez e saudá-lo: você é um verdadeiro monarca! – bateu a mão no ombro do filho e concluiu: - Seu pai não conseguiu ser. Tinha mais coragem que nós! – deu de ombros: - Pena que não foi muito longe!

E saiu da câmara real a passos lentos.

A sós, Giancarlo buscou uma foto no bolso do paletó: era Eva. Uma lágrima lhe rolou.

 

FIM.

 

Passando só para lembrar:

Grace Kelly e Diana morreram em acidentes automobilísticos.

 

 

 

 

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