CONTINUAÇÃO:
SEGUNDO CAPÍTULO: A PRAIA.
No dia seguinte Tom decidiu ir ao hotel
onde Ciça estava hospedada, disposto a arranjar um quarto para seus encontros.
Tinha alugado um buggy para passear com ela, mas não conseguiu fazer isto uma
única vez e o empecilho era sempre Teca!
Ao chegar á entrada do hotel o ímpeto de
entrar arrefeceu ante a possibilidade dela não aprovar. Isto não poderia ser
assim, então procurou seu celular para perguntar quando ouviu uma voz
conhecida: - Rogério? Meu Deus; o mundo está muito pequeno mesmo, ou nossa
senhora da coincidência está de plantão hoje para eu encontrar aqui, em Jampa,
meu vizinho do lado! – era Teca e ele ficou sem saber o que dizer naquele
flagrante. - Pois é!... Muita coincidência! – ela abriu um largo sorriso, e
disse: – Estou viajando com a Ciça. Viemos conhecer Jampa! E você Rogério, o
que está fazendo aqui; passando férias? – ainda constrangido, ele respondeu: -
Não exatamente. Tive uns dias de folga e resolvi conhecer um pouco do Nordeste.
Acabei escolhendo João Pessoa, ou Jampa como eles gostam de falar.
- Por que Jampa, você sabe?
- Sim: foi inspirado em “Sampa”, de São
Paulo. Então ficou “Jampa”, de João Pessoa! – ela continuava sorrindo. – Que
poético, amei! Não me chame de Celeste, não combina com isto aqui. Chame- me de
Teca, aí eu te chamo pelo seu apelido: Tom! – surpreso: - Uai,... Como você
sabe? – ela aproximou: - Ah, moramos na mesma rua e os vizinhos comentam. E
este buggy; é seu? – ele alisou o volante: - Eu aluguei para poder passear no
estilo praiano. – ela olhou o carro: - Ah que máximo! Você está sozinho aqui? –
a resposta:- Erh,... Sim, estou viajando sozinho. – ela tombou a cabeça ao
perguntar: - Hum,... Seria abusar te convidar para um chope? Olhe só: você
conhece a praia de Tambaú? Disseram que é linda e tem quiosques no calçadão!
Vamos? - ele pensou: “É melhor sairmos daqui; se a Ciça nos vê juntos, vai
ficar muito ruim!” E respondeu: – Suba aí! Vamos! - Ela entrou no buggy; estava
de short jeans e camisa de seda amarrada no abdome. Dava para notar o sutiã do
biquíni sob a camisa. Calçava chinelos de borracha e trazia uma minúscula
bolsinha tiracolo azul com apliques de miçangas. - Estou admirada de ver você
assim todo à vontade, camisa de surfista aberta no peito, até mostrando uma
tatuagem; com bermuda e chinelo de dedo! – ele riu. – Se eu viesse de colete da
polícia, calça comprida e camisa social toda abotoada iam ficar meio estranho,
né? - ela gargalhou. – Com certeza! – levantou os braços e uivou. -
Uuuuuuuuuuh! - ele o fez também.
Um pouco mais tarde Teca e Tom conversavam
á mesa de um quiosque no calçadão de Tambaú. Ela falava sobre o passeio no
Engenho do Patrocínio com entusiasmo. -... A capela é maravilhosa, cara! Tem a
planta sextavada e o portal é todo esculpido em granito; história pura! - Tom
falou: – Estive lá também! – ela fez expressão de dúvida: - Você curte esse
lance de arquitetura antiga? – ele sorriu: - Ah,... Um pouco. Mas não conheço
nada, só gosto! – ela disparou: - A Ciça detesta! – riso. – Ficou fazendo de
conta que gostou, mas eu sei que ela detestou com força aquele passeio, e ficou
louca para irmos embora depressa. Acho que ela tem um namorado escondido por
aqui! – surpreso; Tom perguntou. – Ora,... Por que você acha isto?
- Uma mulher conhece a outra e a Ciça dá
muita bandeira! Mas se quer saber; não estou nem aí, e acho uma bobeira dela
esconder isto de mim! – Teca pôs as mãos
no colo e perguntou: – Eu estou com biquíni por baixo, você se importa se eu
tirar a camisa?
- Não,... Estamos na praia, né? - quando
ela desatou o nó, surgiu um par de seios pequenos, mas perfeitos dentro dos
bojos do biquíni preto, e isto causou um inicio de excitação, que ele procurou
disfarçar.
- Lá em Minas eu sou tão reprimida! Tudo
que falo, penso e faço é alvo de censuras por parte de Ciça. – ela buscou sua
mão na mesa. – Olhe Tom; eu me sinto na obrigação de te pedir desculpas pelos
vexames que eu e Ciça fazemos você passar! Nossas discussões já extrapolaram
por completo os limites da nossa casa.
- Não é tanto assim!
- Não é tanto assim!
- É sim; eu sei! Você mesmo já teve que nos
apartar antes que chegássemos ás bofetadas em público! Tenho que reconhecer que
eu e Ciça juntas somos dois vexames ambulantes.
- Bem; já que tocou no assunto, sem
querer ser intrometido: eu gostaria de perguntar qual a razão de tanta
discussão?
- A casa! Aquele lugar foi herança do
nosso pai, juntamente com um sobradinho lá no fim do mundo. Quando papai morreu
eu era menor e Ciça ficou como minha tutora e inventariante. Acontece que ela e
o advogado fraudaram os valores dos imóveis, colocando a nossa casa num bairro
bom e aquele sobrado perto duma favela com o mesmo patamar e fizeram uma
partilha boa para ela, que ficou com a casa da vila, e eu com o sobrado! Quando
eu fiquei adulta descobri a sacanagem e entrei na justiça, mas o advogado dela
era bom de serviço e eu perdi. Agora ela está doida para me pôr pra fora; sabe
por quê? Quer enfiar um homem lá dentro e não me quer ver por perto! Ela pensa
que não entendi que essa viagem é para me amolecer e eu concordar em deixar o
terreno livre para ela! – socou a mesa. – Eu odeio aquela casa, mas não vou
deixar tudo pra ela!
Tom até arrepiou, mas resolveu
aproveitar o ensejo. – Mas se você não gosta de lá, porque fica brigando com
sua irmã por causa de uma coisa que você, no fundo, parece que não quer?
- É por que acho isto um desaforo!
- Pois é este o ponto: desaforo para
quem?
- Desaforo para a Ciça que me roubou, e
não posso fazer nada!
- Então você se submete á uma
convivência que não quer com sua irmã, numa casa que odeia, só para fazer um
desaforo?
- Não é simples assim Tom! Não posso
deixar barato!
- E você acha que está ficando caro para
quem? Olhe bem o que você me falou sobre as brigas que a envergonham e até me
pediu desculpas! - ela olhou-o interrogativa.
– Pense no tempo que você está perdendo nesta pendenga? Está valendo a
pena, de verdade?
– Eu sei que não está, mas não consigo
evitar! – bebeu um pouco se acalmando: - Puxa vida; nunca imaginei que ouviria
essas coisas de você Tom. – ele esboçou um sorriso: - Por quê? Por acaso eu lhe
pareço rude e insensível?
- Não,... Quero dizer: insensível não,
mas,... Um pouco másculo demais para essas palavras carregadas de
sensibilidades. – ele riu: - Másculo? Tomo isto como elogio! - Teca também riu
e olhou o mar. – Acho que para nós, mineiros, ás vezes as montanhas não nos
deixam ver os horizontes mais adiante, e quando vemos o oceano, esses
horizontes nos assustam um pouco! - ele suspirou também observando o mar. – É
verdade. – ela falou: - Vou te pedir uma coisa: no final desta praia tem umas
formações rochosas lindas! – Teca apontou, e ele olhou. – Eu queria ir lá
conhecer, mas não queria ir sozinha. Você quer ir comigo? Vamos caminhando pela
praia. – riso. – Mineiros não têm isto todo dia! – ele sorriu dizendo: – Tem
razão! – levantou o dedo pedindo a conta.
Os dois caminhavam lado a lado com os
pés molhando no finzinho das ondas, fazendo comentários sobre Jampa, e Teca
falou: - Quando você mudou para a vila, ainda era casado. Eu me lembro da sua
mulher.
- É,... Ela se chamava Vera. – riso sem
graça. – Ainda se chama. Não morreu. Ficamos casados por seis anos: tempo o
suficiente para ver que foi um erro! Estávamos apaixonados,... Pelo menos eu
estava. – ele parou um instante fitando o horizonte: – Um dia, eu cheguei do
trabalho e Vera me esperava de malas prontas e dizendo que tínhamos chegado ao
limite, e que era melhor a gente terminar enquanto ainda havia respeito e
cordialidade. Palavras sensatas, não? - Teca apenas assentiu com um meneio de
cabeça, e ele prosseguiu. - Cordialidade tinha de sobra. Nossa audiência de
divórcio foi de uma civilidade que deixou até o juiz impressionado; tanto que
elogiou a nossa sensatez no caso. Mas no que tange ao respeito! – suspiro. –
Uns anos depois eu descobri que Vera tinha outro homem desde o tempo de
casados. Mal esperaram o juiz bater o martelo para irem viver juntos. Esse foi
o respeito que eu ganhei. Fiquei me sentindo um idiota. - voltou seus olhos
para o chão e continuou andando, olhando as ondas. Teca também andava calada ao
seu lado. Então ele percebeu que aquela conversa com sua vizinha, e irmã da sua
namorada,... Melhor dizer, amante, tinha sido surpreendentemente aberta. Sentiu-se
um canalha. Teca acabaria sabendo do seu envolvimento amoroso com Ciça e que
ele era o homem escondido em Jampa.
Então
a olhou e falou: - Teca,... Eu preciso,... - mal iniciou a frase e foi
surpreendido por ela, que enlaçou seu pescoço e lhe roubou um beijo na boca.
Ele tentou uma reação. – O que é isso?
- Isso é o que venho querendo fazer desde
o primeiro dia que te vi! – e lhe beijou novamente. Tom tentou resistir, mas
não pode refrear o impulso de envolver seu corpo com seus braços e também
beijá-la.
- Não! – falou num fio de
autopreservação. – Não podemos!
- Por que não? Olhe em volta, não tem
ninguém, e estamos a milhões de quilômetros de Minas! – pôs a mão entre as
pernas de Tom. – Você quer, não é? Eu também! – olhou rápido, encontrando uma
espécie de reentrância entre as rochas com chão de areia branca. – Vamos ali! –
ele ainda tentou reagir: - Mas,... Isso é loucura! – excitada ela falou: -
Loucura é a gente perder esse momento! Venha! - Teca puxou-o, e ele se deixou
conduzir absolutamente envolvido pela excitação que lhe tomava o corpo inteiro.
Deitaram-se entre as pedras naquela cama de areia fofa, e foram tirando
bermudas, calcinha e sunga, e se entregaram á um sexo cercado de urgência e
vontade. Tom ainda buscava algum escrúpulo redentor. – Não posso,... Isso é uma
insensatez! – tudo inútil. O prazer daquele instante proibido lhe tomou
completamente. Suas mãos buscavam carícias cada vez mais plenas, enquanto
beijos e línguas estalavam.
Os dois se amaram tendo algumas gaivotas
planando no céu azul como testemunhas. Depois, ficaram lado a lado, sem
palavras, Apenas ofegantes.
CONTINUA.
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