Zezé.
Num quarto de hotel da Praça da Estação um casal se preparava para sair após o encontro:
- Você sai primeiro, Zezé; e daí dez minutos eu saio. – falava o homem.
- Como sempre. Né?
- Se você preferir que eu saia primeiro está bem!
- Não é disso que estou falando Zezé.
- O que é então?
Ela o encarou: - É sobre esta situação que vivemos há três anos!
Ele retrucou: - Ah não Zezé; isto de novo?
- Sim, isto de novo, e de novo, e de novo! – abanou a cabeça: - Você acha que está bom desse jeito; seja honesto comigo!
- Não seja injusta! – andou na sua direção: - Eu nunca te enganei Zezé; nunca prometi algo que não pudesse cumprir; neste ponto eu fui e estou sendo honesto com você! – soltou o ar como num desabafo: - Eu não posso me separar da Judith agora. Ela está passando por um período difícil,...
Interrompeu-o: - Eu sei: ela tem obesidade, pressão alta e precisará fazer uma cirurgia bariátrica. Você já me disse isto!
- Exatamente! Agora sou eu a pedir: seja honesta! Acha mesmo que há dá para eu anunciar um pedido de divórcio nestas condições?
Ela abanou a cabeça ao dizer: - Eu sei que não!... Mas pense no meu lado: Eu tenho você apenas nas brechas da sua agenda familiar. Nunca no natal ou réveillon,... Sinto-me como um rato catando migalhas que caem da mesa!
- Por acaso você pensa que não me sinto mal também? – falou apoiando suas mãos ao pé da cama. – Ficando ao lado de Judith por piedade me faz sentir como um canalha, porque ela não reclama de nada! – abriu os braços: - Continua sendo a mesma pessoa doce e boa mãe,... Só que eu não consigo desejá-la mais, e acho que a piedade não pode servir de esparadrapo para segurar um casamento! – e cobriu os olhos com a mão.
Ela o abraçou por trás: - Desculpe-me amor. É que eu sinto tanto sua falta!
Ele a abraçou: - Eu também sinto muito sua falta e apesar do constrangimento, me atrevo a lhe pedir paciência. Judith vai fazer a operação breve, e assim que estiver totalmente recuperada, eu vou pedir a separação. Está decidido!
Ela encostou o rosto no seu peito e concordou.
Os dois tiveram o mesmo apelido na infância: Zezé. Ele era José Maria e ela Maria José, e foi esta a chave que abriu seus corações. Ele possuía uma empresa que fornecia produtos e serviços de hotelaria e usava seu sobrenome para apresentação: Smith.
Ela era contadora que prestava serviços á sua firma e era também mais conhecida pelo sobrenome: Miranda.
Os dois frequentavam o mesmo clube com cumprimentos de cortesia á distância até o dia que uma amiga lhe chamou á atenção ao físico atlético do seu cliente. – Queísso Drica: ele é casado!
- Ah boba! Boi preso também pasta, sabia? – e riram.
A beleza de Miranda não passava despercebida á Smith, que sempre que podia ia entregar documentos em mãos. – poderia muito bem usar um motoboy; só que não.
Numa conversa sobre infância veio á descoberta de ambos terem sido “Zezé”, e a vontade de se verem se tornou cotidiana e urgente.
Numa visita ao escritório num dia de chuva intensa, Smith chegou de camisa e blazer ensopados e dando alguns espirros. Ela imediatamente ordenou que tirasse as roupas molhadas e lhe emprestaria uma camisa limpa, uniforme do seu escritório. Ele aceitou e foi a uma sala para trocar de roupa. Porém a camisa tinha ficado um pouco justa no seu corpo naquele jeito que mais mostra do que esconde. Ela riu daquele baby-look e foi tentar ajustar um pouco e o tocou. Então ele a abraçou, roubando-lhe um beijo!
Da urgência á ação provocada por aquele desejo, não de todo inesperado, formou-se á emergência. Mas a onde? Como Smith era conhecido em quase todos os motéis e hotéis da cidade por serem seus clientes e Miranda detinha o restante da parcela como clientes de sua firma de contabilidade, só lhes restavam um lugar na cidade onde nenhum estabelecimento era freguês: os hotéis da Praça da Estação, conhecido reduto de casais puladores de cerca que buscam esconderijos distantes dos seus locais cotidianos.
Então combinaram o primeiro encontro. Não chegariam juntos e usariam algum disfarce: Smith usaria boné, óculos escuros e roupas mais esportivas; quem sabe chinelão! Miranda também usaria óculos, roupas mais simples e uma peruca. Tudo isto acrescentava um toque proibido a mais, e foi só chegarem ao quarto para toda fantasia das roupas se despir, tomando seu lugar outra fantasia: o sexo proibido. E os dois se entregaram a uma relação despudorada e até pornográfica! O local inusitado, sigiloso e até um pouco sujo parecia os excitar sem medo onde tudo era permitido. Pareciam duas crianças peraltas; Smith lembrou-se de uma expressão que sua avó usava: “fazer bobiça” e a gargalhada ocorreu solto. Á saída, na colocação dos disfarces, combinaram novo encontro, mas em outro hotel da praça para não dar na vista.
Smith inventava reuniões ao fim da tarde como desculpa para a esposa; mas não podia demorar-se. Certa vez ele participaria de um workshop em São Paulo e Miranda o acompanhou. Mas não deu certo porque havia conhecidos de ambos no hotel onde o evento ocorria, e acabaram se encontrando somente ao fim da tarde do último dia num hotelzinho próximo ao aeroporto. Isto deixou Miranda aborrecida e decidida a terminar o caso.
Porém sua decisão durou só até a chegada de uma braçada de rosas no dia do seu aniversário com um pedido de perdão e um estojo contendo um bonito relógio de pulso junto á um cartão: “para marcar as horas que espero pelo nosso encontro”. Naquela noite ele inventou um serão, e os dois se amaram no seu reduto na Praça da Estação.
Foram dois anos nesses encontros clandestinos sem muita regularidade com Smith precisando inventar desculpas para a esposa. Depois foi Miranda que precisou hospedar uma sobrinha do interior que veio a Juiz de Fora tentar concursos, e ela não queria que a família soubesse dos seus encontros por que iriam querer conhecer o namorado misterioso. Aquela coisa de cobrar casamento das mulheres solteironas da família! Foram quatro meses de encontros fugazes.
Aquele terceiro ano da série – como Smith referia – não a satisfazia mais porque estavam apaixonados. Então veio a conversa no quarto do hotel, e a promessa de que assim que Judith fizesse sua operação e estivesse totalmente recuperada, Smith pediria o divórcio.
Miranda esperaria para tê-lo consigo e algumas vezes se recriminou por, no íntimo, desejar que Judith não resistisse á operação: - Não, não!... Eu não quero isto!... Meu deus, que horror! – e rezava pedindo perdão por esse desejo macabro.
Uma tarde ela estava no escritório e recebeu uma mensagem de sua amiga Drica: - Não sou de fazer fofoca, mas veja isto! – seguiram fotos de Smith acompanhado de uma mulher de curvas acentuadas colocando compras no seu carro. Miranda arregalou os olhos e perguntou: - Quando foi isto Drica?
- Agorinha mesmo. Não é intriga, mas abre olho amiga!
- Obrigada! – desligaram e ela ficou olhando as fotos quase esfarelando o celular com as mãos e rangendo dentes: - Canalha! – então se acalmou, respirou fundo e ligou a Smith se dizendo morta de saudades e querendo encontrá-lo a qualquer custo. – Claro Zezé; eu também estou muito a fim! No Majestic?
- Sim Zezé,... Eu te espero lá ás dezenove horas! Não atrase, tá? – desligou resmungando. – Zezé é uma pinoia seu cachorro!
Smith entrou no quarto; ela o aguardava á janela: - Meu bem...! – ela se esquivou e ele perguntou: - O que foi Zezé?
- Como vai sua esposa?
- Ora,... Na medida do possível, bem! Por que a pergunta?
- Quanto ela está pesando mesmo?
- Ah,... Judith bateu os cento e oitenta quilos. Está difícil!
Ela pegou o telefone e lhe mostrou as fotos: - Que engraçado, ela não me parece tão gorda! Tirando os culotes, está bem em forma! - Smith franziu a testa ao ver as fotos: - Onde você arranjou isto?
- Não interessa!... O que aconteceu com Judith? Fez uma lipo, ou nunca esteve com obesidade mórbida?... Anda, responda seu mentiroso!
Ele buscou seu telefone, abriu a galeria de fotos e mostrou: - Olhe aqui!... Qual dessas mulheres é a que está comigo nas suas fotos?
Mirando olhou desconfiada: eram duas mulheres, uma muito obesa desabada numa poltrona e outra mais magra abaixada ao lado abraçando-a. – Ora,... O que é isto?
- Responda! Qual delas é a das fotos?
- A que está abaixada,...
Smith tomou-lhe o celular: - Esta é Ivone, minha cunhada, irmã de Judith que está ajudando a cuidar da irmã! É casada, tem filhos e meu cunhado é meu compadre!... – abanou a cabeça: - Precisava armar este circo? Era só me perguntar!
- Ah meu deus!... – tentou abraça-lo: - Perdão meu amor,... Perdão; é que...!
Ele se esquivou: - Que absurdo você achar que eu inventaria uma mentira dessas só para transar com você! Pensa que eu sou um cafajeste, é isto? – sentou na cama: - Não aguento mais. É tudo em cima de mim!... Judith não reclama e eu queria que ela berrasse e se descabelasse!... Eu me sinto o maior traidor do mundo estando aqui; e faço isto porque te quero muito,... Mais que isto: eu te amo! – levantou-se – Fiquei muito magoado com essa desconfiança, e mais ainda com o jeito que você usou para me confrontar!... É melhor terminarmos tudo por aqui Zezé!
- Não, não, não! – abraçou-o: - Por favor, eu preciso de você!
- Não! – largou-a: - Vamos dar um tempo!... Preciso pensar nesta situação. – andou até a porta, abaixou a cabeça e disse: - Por que você tinha que estragar tudo? – e saiu.
- Ela ficou sozinha no quarto e desabou na cama aos prantos.
O tempo para pensar a relação durou um longo mês de trinta dias.
Miranda guiava seu carro quando o celular tocou, era Smith: - Não aguento mais de saudade, preciso te ver.
Ela imediatamente convergiu o carro em plena Avenida dos Andradas e seguiu á Praça da Estação quase não cabendo em si de excitação.
Miranda e Smith chegaram juntos ao hotel Centenário, sem disfarces no limite do perigo, e subiram ao quarto onde já entraram abrindo zíperes e botões na ânsia de se tocarem até beijarem-se ardentemente. Então seguiram á cama e fizerem o sexo mais intenso de suas vidas!
Depois ficaram um pouco na cama, abraçados. Smith se permitiu esta escapada usando uma reunião fictícia como desculpa, e disse: - O medico marcou a cirurgia da Judith para daqui a duas semanas. – abanou a cabeça: - Estou com medo!
- Medo dela,... Ter alguma complicação? – ela não quis dizer morrer.
- Eu não sei. Talvez medo da decepção. Judith está apostando tudo numa vida nova depois da cirurgia.
-... Ao seu lado?
Ele hesitou: - Acho que sim. Ela faz tantos planos,... Quer viajar á cidade do México, e eu apenas ouço.
- Mas, vai chegar um momento que você terá que falar sobre a separação. Não é?
- Sim, claro. – aproximou de Miranda: - Mas, por favor; não me pressione!... Vai ser muito difícil!
Ela se encostou ao peito de Smith, temerosa, mas respondeu: - Sim,... Eu sei.
Aquelas duas semanas renderam apenas dois encontros com um sexo constrangido para ambos.
Miranda passou á evitar a Praça da Estação. Se antes aquele lugar representava algo proibido e até devasso, agora não parecia mais um esconderijo tão sigiloso, pois os empregados dos hotéis já haviam se apercebido do casal da zona sul buscando um covil para seus encontros. – Por que me presto a esse papelão? – perguntava-se; mas sabia bem a resposta.
Smith também temia, mas por algo mais concreto, pois um dos hotéis da Praça tornou-se seu cliente e, embora desconfiasse que sua identidade secreta houvesse caído por terra, surgiu o receio de alguma fofoca ou mesmo uma chantagem!
Para ambos o encanto da Praça tinha passado.
O dia marcado para a operação de Judith foi pontuado por sentimentos ambíguos em Miranda. – É uma cirurgia muito invasiva; eu li isto na internet! – falou á Drica. – Oh, mas eu não quero pensar isto!
- Pensar o quê? Que a mulher dele pode morrer? Isso resolvia tudo pra vocês!
- Que pensamento horrível!... Não sou nenhum abutre a espreita da desgraça alheia!
- É o que então? – aproximou-se: - Amiga: você não sabe ser amante!
- Como assim?
- Porque você sofre nos natais, férias e fins de semana que ele passa com a mulher e filhos; mas estas datas são proibidas para as amantes, que têm que contentar-se com as tardes, princípios de noites ou brechas nas agendas dos seus homens quando dá para tirar uma rapidinha! Vai dizer que não é assim?
- Não!... Quero dizer; não é sempre assim!... – abaixou a cabeça: - É verdade. Quase sempre é assim.
- E você quer isto para sempre?
Após instantes de hesitação, ela respondeu: - Não; eu não gosto disso. Sinto-me como se fosse aquele chiclete que alguns homens colam debaixo das mesas, e de vez em quando buscam para dar uma mascadinha!
- Que comparação mais nojenta Miranda!
- Muito repugnante! A mulher dele está planejando uma viagem ao México. Entendeu? México! Um lugar que eu sou louca para conhecer e planejamos ir juntos!... A casa de Frida Kahlo; os murais de Rivera; as ruínas Astecas, e agora irão os dois? Isto não é justo!
- Pois então Miranda; não se sinta culpada se a mulher dele empacotar na mesa de operações! Terá sido a mão do destino á favor de vocês.
Miranda achava o pragmatismo de Drica na esquina da iniquidade; mas não conseguia negar-lhe razão.
No dia seguinte o celular até formigava na mão de Miranda, que quase o deixou cair ao tocar. Era Smith: - Zezé,... – estava ofegante: - Deu tudo certo na operação; Judith acordou bem! Graças a Deus!
- Mas que ótimo!... E você, como está?
- Estou tranquilo,... Tenho que desligar, estão me chamando. Um beijo!
Nem a esperou se despedir para desligar. Miranda ficou um tempo com o celular na mão até atirá-lo ao chão: - Merda,... Que merda! – e chorou sem saber se era remorso ou raiva.
Quarenta e cinco dias depois se encontraram num dos bons e velhos hotéis da Praça da estação. Smith foi disfarçado de algo que ela não entendeu se era surfista, gigolô ou ambos.
O sexo foi bom, com preliminares e alguma sacanagem seguidos pelo indefectível cigarro.
Smith soltou a fumaça e Miranda perguntou: - Não sabia que você fumava!
- Eu fiquei muito tenso com a cirurgia e voltei a fumar! – apagou o cigarro: - Mas vou parar!
Ela hesitou, mas disparou: - Já falou com ela sobre a separação?
- Ahn,... Ainda não!
Miranda sentou na cama e disse: - Você pretende fazer isto algum dia, Zezé?
- Puxa vida; não é assim? Ela ainda está se recuperando.
- Hum,... Ela já emagreceu alguma coisa?
- Sim. Está fazendo dieta também.
- E,... Você está tocando nela?... Sem rodeios: vocês estão transando?
- Não; e antes que você pergunte; nunca mais eu terei tesão em Judith! – olhou-a: - Daqui vinte dias ela fará nova cirurgia para retirar as pelancas que sobram do emagrecimento,...
Cortando-o: - Me poupe desses detalhes, ok? Suponho que devo ter paciência, e esperar esta nova operação, e depois um novo reestabelecimento. E o que virá depois, héim?
- Zezé,... Eu não posso abandoná-la agora!... Ela precisa da família para se recuperar!
- Ah sim; família! – abanou a cabeça: - Eu esqueci que sou apenas um anexo. – riu, e se levantou. Smith a segurou e falou: - Por favor!... Eu sei que não tenho o direito de pedir mais nada; mas mesmo assim eu peço: pelo amor de deus; dê-me só mais este tempo!... Apenas isto. – e abaixou a cabeça: - Não me deixe. Eu não posso te perder!
Ela o abraçou, e sentiu seu desespero. Beijaram-se e fizeram mais sexo.
Era um dia antes da segunda cirurgia de Judith, e agora era Miranda a fumar.
- Credo! – falou Drica: - É o segundo que você acende em menos de meia hora. E você detesta cigarro!
- Sabe o que eu detesto? Eu mesma! – soltou fumaça e deu nova tragada: - Você tinha razão Drica; eu não sei ser amante. Eu quero mesmo é ser a titular!... Ah, sempre considerei que amantes de homens casados eram putas! – riso: - Não é o que estou sendo? E ainda puta burra, que dá de graça! Nesses três anos eu não ganhei nem um bombom de presente, mas também nunca pedi nada. Nos meus aniversários, o digníssimo Zezé me envia braçadas de rosas chá, que odeio, e sobras de relógios que dá de presente aos clientes no fim do ano!
- E o que você vai fazer, amiga?
- Quer ver? – buscou seu celular: - Eu vou acabar com essa merda agora mesmo; chega de ser otária! – olhou o aparelho e disse: - Uai; Zezé me ligou? – e retornou. Ele atendeu chorando.
- Ah Zezé,... Aconteceu uma coisa muito triste; Judith morreu!
- O quê? – arregalou os olhos: - A operação não era amanhã?
- Sim. – soluçou: - Ela chegou bem ao hospital, mas de repente começou a passar mal,... Desmaiou e a levaram á emergência. Judith teve um infarto fulminante e se foi! – soluçou novamente. – Ainda bem que não sofreu. Olhe; eu não posso falar mais,... Tenho coisas á providenciar.
- Sim, eu sei! Olhe,... Se precisar de alguma ajuda, eu estou aqui, está bem Zezé?
- Obrigado!... Eu te amo Zezé! – e desligou ainda chorando.
Miranda segurou o telefone com rosto retorcido, e pediu: - Me faz um favor Drica?
- Sim, o que é?
- Dá na minha cara com força, porque eu não vou consegui parar de rir!
Dois anos depois...
Miranda estava sentada numa confortável poltrona alisando seu barrigão de grávida de cinco meses. Ao trauma da morte de Judith veio o convite para formalizarem sua união, assim Zezés se casaram. Ela foi aceita pelos filhos e acolhida pela família Smith, com as bênçãos da família Miranda, como a melhor coisa que poderia ter acontecido ao viúvo. Ela parou de trabalhar e passou a direção do escritório á amiga Drica, que se tornou sua sócia. Naquele início de noite ela olhava a sala do apartamento totalmente redecorado, onde a única lembrança da falecida era uma pintura á óleo, encomendada pela própria Miranda á um artista da cidade, que ficava abaixo do vão da escada.
Estando grávida, Zezé tinha engordado um pouco e aguardava a chegada do seu Zezé enquanto escutou uma trovoada: - Mais chuva? Esse verão vai ser bem chuvoso. – refletiu num início de cochilo.
Enquanto isto na cidade, Smith estava ás voltas com um congestionamento quando avistou uma conhecida na calçada se encolhendo sob uma diminuta marquise.
Abaixou o vidro e perguntou: - Drica é você?
- Oi! – riso: - Eu mesma!
- O que está fazendo aí debaixo da chuva?
- Meu carro está na oficina; não consigo chamar táxi e nem uber! - riso: - É a lei de Murphy em plena vigência!
Ele riu; - Saia daí, tá chovendo forte! Venha; eu te dou uma carona!
- Não vai atrapalhar?
- Que nada! Se eu contar para a Zezé que não te dei carona, ela vai brigar comigo!
Drica correu na chuva em pulinhos com sua sandália salto quinze e entrou: - Ah, to molhando seu carro todinho!
- Não esquente a cabeça com isto! – olhou para frente: - O transito sem chuva já é complicado; com ele antão é impossível!
Ela riu e falou olhando seu relógio de pulso: - Porcaria! Escangalhou totalmente; parece que entrou água. Que droga, amanhã mesmo eu vou comprar outro!
- Espere! – Smith pegou uma caixa no banco traseiro, que estava cheia de estojos de relógios de pulso e apanhou um: - Não precisa comprar. – entregou a ela: - Cortesia da firma Smith Comercio e Representações LTDA! Este final de ano eles serão brindes aos melhores clientes, amigos e fornecedores!
Ela abriu o estojo! – Ah que lindo! – colocou-o no pulso: - Que bom gosto, muito obrigada!
- Queísso Drica! – sorriu: - Vou te deixar em casa; onde você mora?
- Eu moro na Rua Halfeld,... Pertinho da Praça da Estação!...
FIM.
" Ex mulher é igual chickeye, vc masca, masca e depois cola embaixo da carteira, deu vontade, vc descola da carteira e masca de novo" assim falava confúcio rsrsrs
ResponderExcluirEsses contos podem virar um livro. Quem não passou por "causos" na praça da estação. Um dia te conto o meu. rsrrsrsr
ResponderExcluirMuito bom, como sempre, Ramon. Não tem como não ficar chateada com a situação. Pobre Miranda tsc tsc tsc
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