Quando
criança, eu via minha mãe assistindo filmes de terror na TV, ela adorava, e uma
noite eu pedi que me deixasse assisti-los também. Mamãe me olhou de lado e
disse: - Está bem, mas se chorar, nunca mais eu deixo! - eu vi o filme inteiro;
não lembro qual, mas tinha uma casa assombrada com caveiras e mulheres que,
suponho, eram bruxas. Nem dormi direito aquela noite, encolhido debaixo da
coberta em pleno verão carioca, mas passei a assistir sempre! Mal sabia eu que
estava entrando para o seleto grupo dos aficionados por este gênero tão
instigante que é o terror.
Por
que será que gostamos de sentir medo ficcional? Dizem que estas histórias tocam
nossos sentimentos mais adormecidos, o desejo de vivenciar experiências na
esfera do inexplicável, do mistério e do suspense. Evocamos o inconsciente
coletivo contidos nas lendas e tradições ancestrais dos casos contados ao fogo
de uma lareira, ou ao fogão de lenha, bem mineiro, dos seres escondidos às
sombras das florestas enluaradas. E sem esquecer que as cidades também criam
suas lendas, subterrâneas em canais e túneis encravados nas entranhas da urbe
ou mesmo em simples apartamentos, habitados por psicopatas, pervertidos e
loucos, à espera do primeiro incauto que cruzar seu caminho! Assim, vampiros, fantasmas, bruxas,
lobisomens, múmias, sacis e mulas sem cabeça sobrevivem e se reinventam ao
abrigo de novos imaginários, e na pele do cidadão comum, capaz de revelar
perversidades além do tangível! Mais do que historinhas de seres que não
existem, sua perenidade é a prova de a cultura, como uma ação humana e
inteligente, é muito mais complexa do que se supõe.
Portanto,
mesmo que não acreditemos em bruxas convém deixar a vassoura á postos atrás da
porta!
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