segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

"... o champanhe e os abraços haviam terminado e os convidados faziam suas promessas para o ano novo."


O relógio já havia virado á meia noite, indicando que o dia primeiro de janeiro de 2020 finalmente aportou. O champanhe e os abraços de “feliz ano novo” haviam terminado naquela cobertura no bairro Estrela Sul em Juiz de Fora e os convidados se esparramavam nos sofás com suas promessas para o ano novo.
- É sério! – falava Joel: - Vou voltar á academia!
- Todo ano você volta!... A gente não sabe se será este ano! – zombou o amigo Robson. – todos riram, e Rosa. Sua noiva arrematou: - Vou cuidar disto pessoalmente! – olhou Joel – Esse ano você não escapa! – ele cobriu o rosto e respondeu aos risos: - Estou prevendo que estarei perdido!
- Pois este ano eu vou passar no doutorado! – Falou Deyse. – Vou meter a cara nos estudos!
Rosa apoiou; - Isso mesmo amiga; tem que se jogar nos sonhos!
Rafael, o anfitrião, falou: - Este ano pretendo me jogar nos estudos do mundo metafísico! Quero fazer uma viagem ás ilhas britânicas, visitar Stonehenge e alguns castelos.
Vanessa, sua namorada, falou: - Lá vem você com essas coisas macabras!
- Não é macabro, amor; é sério, eu creio no sobrenatural e quero aprofundar mais!
Jeferson, irmão de Rafael que estava á varanda com Mariah falou: - Duvido!
- Ora, por quê?
Ele entrou falando: - Por que você se borra de medo dessas coisas! Lembra quando a gente era criança no sítio tio Cláudius?
- Eu era criança, não valeu!
Vanessa perguntou: - Essa eu quero saber! O que acontecia no sítio do tio de vocês?
Jeferson se sentou no meio dos amigos e falou: - A gente fazia uma brincadeira de chamar espíritos! íamos para o paiol, fazíamos um papel com o abecedário, arranjávamos um copo, uma vela e uma mesa de tampo bem liso, que tinha que ficar nivelada. Então ficávamos em volta e chamávamos o espírito da nossa bisavó Irma!
- Por que ela? – perguntou Joel.
- Tinha um retrato dela na sala, e uma empregada que chamava Maria Josefa disse que  viu o fantasma dela algumas vezes! Lembra da Josefa, Rafa?
Aborrecido, ele respondeu: - Lembro!
- Aí você corria para debaixo da cama todo mijado! – debochou Jeferson, ao que Rafael se irritou: - Espere aí? Eu te convido para uma festa e agora você vem me zoar dentro da minha casa! – Vanessa tentou contemporizar: - Calma amor, ele está brincando!
Jeferson se levantou: - Olha aqui irmão, foi tu que puxou assunto de coisa sobrenatural!... Ah, saquei: é só pra alardear que vai fazer mais uma viagem ao estrangeiro para todo mundo vem que o Rafa é o rei da bala chita!
Robson, que era o mais velho do grupo se levantou dizendo: - Pera aí gente!... Foi uma confraternização tão bonita para acabar nesse climão! Poxa vida, ano novo é hora de repensar, resignificar as coisas! – ocorreu um silêncio constrangido até Jeferson abanar a cabeça e falar: - Tem razão. Desculpem! – aproximou de Rafael e falou: - Desculpa aí mano. Tudo que você tem foi por mérito de trabalho, eu respeito isto!
Abraçara-se e Rafael falou: - De boa, não tem que pedir desculpa! – ainda abraçado ele falou: - Aí gente, que tal mais uma rodada da geladinha para lavar o resto da inhaca de 2019! – todos riram, buscaram cervejas e brindaram.

Por volta das três da manhã, estavam levemente bêbados quando Mariah perguntou ao namorado: - Jefinho, eu fiquei curiosa para saber o que acontecia na sessão de macumba que vocês fizeram na casa do seu tio!... Conta aí?
Ele respondeu: - Ah amorzinho; esse assunto já deu ruim, vamos esquecer isto!
Rafael terminava sua cerveja, e disse: - Não há motivo para não tocar nesse assunto. Foi coisa de criança que aconteceu a mais de trinta anos! – todos o olharam, e ele começou a relatar que sempre iam á casa do seu tio Cláudius na passagem do ano, porque seus pais eram médicos e faziam plantão no réveillon, assim preferiam que os filhos confraternizassem com os tios e primos que viviam no campo: - Era muito bom! Eu e Jeferson éramos crias de cidade, e a roça era fascinante!
O irmão riu: - Lembra quando a gente brincava de “bobiça” com as primas?
Todos riram e Rafael pôs o dedo nos lábios: - Todo mundo sabe o que é isto, maninho! – mais risos até ele prosseguir explicando que na virada do ano, ficavam acordados até a madrugada brincando e ouvindo as histórias da Maria Josefa, uma preta empregada antiga da fazenda que contava “causos” de assombrações e luzes que apareciam na mata. Mas quando se falava no caso do fantasma da bisavó, ela abanava a cabeça fazendo careta e dizia; “Larga disso,... É coisa pra deixar lá onde tá!”.
Então um barulho na janela fez todos se assustarem. Joel até fez “booo” de brincadeira, mas Rafael tranquilizou á todos: - Calma gente corajosa; não é fantasma, é a persiana que oscilou no vento. Está meio solta e tem que trocar.
Jeferson lembrou: - Engraçado; tinha retrato da bisavó sala da casa do tio Cláudius, mas ninguém da família falava nela! Só sabemos que era imigrante alemã e chamava Irma Gomes. – riso: - isto lá e nome alemão?
Rafael explicou: - Sim, ela era imigrante alemã e trocou o sobrenome quando veio para o Brasil. Costumavam fazer isto na alfândega! – então ele prosseguiu relatando o fato que ocorreu na madrugada do dia primeiro de janeiro de 1990, quando os primos se reuniram ás escondidas para evocar o espírito da “Vó Irma”, como se referiam.
Jeferson riu e comentou: - Era uma brincadeira só para assustar as primas,... E a gente poder fazer mais “bobiça”!
Mariah perguntou: - Então se era só uma treta para sacanear as primas, pra que tanto clima em cima disso?
- Era para ser só isto! – falou Rafael: - Mas acabou não sendo só isto! – olhou Jeferson: - Você nunca se perguntou por que eu entrei em pânico e saí correndo para o quarto?
- Ora,... Ficou com medo!
- Nem tanto! Você lembra de que quando andávamos nas estradinhas á noite e apareciam aquelas luzes no meio da escuridão do pasto? Você ficava assustado e eu te protegia. Lembra-se disto Jeferson?
- Sim,... Mas você é meu irmão mais velho!... – pausa: - Você também acendia as luzes quando eu tinha medo do escuro.
- Então, veja que eu nunca fui medroso!
- Eu sei mano,... Falo isto para te sacanear! Mas então o que aconteceu naquela madrugada para te assustar tanto? – as pessoas começavam a se aconchegar nos sofás ao ouvirem, e Vanessa falou: - Vamos parar com essas histórias?... Não tem nada a ver com ano novo!
- Tem a ver sim amor! – falou Rafael: - Acho que é preciso lavar as inhacas do passado para podermos entrar no ano novo sem “fantasmas”. – ele prosseguiu. – Eu inventei aquela brincadeira baseado nos filmes de terror com tábuas Ouija que via na TV e os primos da roça não conheciam. Assim, eu escrevia o alfabeto e as palavras “sim” e “não” num papelão; arranjava um copo, uma vela acesa e juntávamos em volta de uma mesa. Eu dizia bobagens do tipo: “Oh, se há algum espírito no recinto, que se manifeste!” igual aos filmes. As primas até choravam quando o primo João cutucava o pé da mesa para simular a presença de assombrações!... Mas naquela noite aconteceu uma coisa diferente,... E muito estranha.
Jeferson perguntou: - Hei, você nunca me falou nada disto!... O que aconteceu?
Rafael fechou os braços, estava visivelmente arrepiado ao dizer: - Quando perguntamos: “tem algum espírito aí?”, apoiamos os dedos no copo e forçamos para o lado do “sim”; mas o copo deslizou sozinho, lembra-se disto?
- Sim,... Mas foi só um truque inclinando a mesa!
- Não foi!... O copo realmente assinalou; “sim!”. Então,... – Ah, vamos deixar isto para lá como recomendava a Maria Josefa, e abrir mais umas Brahmas?
- Para de enrolar e fala Rafael! – insistiu Jeferson.
-... Está bem,... Eu vi um vulto se aproximar no escuro, atrás de vocês!... Era como se fosse uma projeção holográfica borrada e luminosa. Lembra que eu disse: “olhem para trás!”?
- O João disse que viu também, e imitou o gemido de uma assombração! – falou Jeferson.
- Ele não viu nada; apenas fingiu!... Mas eu vi o vulto aproximando até se colocar atrás de você, Jeferson!... Parecia levantar as mãos e,... E aí eu me apavorei e saí correndo da mesa para quebrar a corrente!...
- E o que era o tal vulto? – perguntou Robson, o mais bêbado e rindo. – Papai Noel atrasado? – alguns riram e Rafael se irritou: - Estou relatando algo que nunca contei para ninguém!... Uma coisa que me atormenta até hoje, e não admito deboche e nem que pensem que estou inventando uma historinha para apimentar o ano novo!
Vanessa contemporizou: - Acalme-se amor. Ninguém está pensando nada disso!
Jeferson se levantou nervoso: - Pois eu acho que aconteceu mais alguma coisa!... Ah, você nunca mais foi o mesmo depois; ficou medroso e nem gostava de entrar em lugares escuros! – abriu os braços: - Olhe este apartamento!... Todo branco e com luzes acesas o dia e a noite inteira! Vanessa até me disse que você paga uma fortuna de conta de luz por causa desta mania!
Ela reagiu: - Eu apenas comentei isto porque sou contra desperdícios!
Rafael gritou: - Parem!... Chega!... Mariah está certa; foi só uma historinha que inventei pra sacanear as mulheres,... – riso: - Aquela brincadeirinha da “bobiça”!
- Nem acredito que um homem de 42 anos precise fazer uma brincadeira escrota dessas com a gente só para se dar bem! – falou Dayse. – Estou decepcionada!
- Desculpem amigos,... – falou Rafael constrangido: - Acho que bebemos demais não é? – as pessoas se levantaram um tanto aborrecidas para saírem; Joel ainda foi ao toalete e Rafael tentou abraçar Vanessa, mas ela o repeliu: - Não! Eu não sou uma de suas primas da roça pra fazer “bobiça” á custa de historinhas de assombrações! – ele insistiu: - Perdão amor,... Não devia,... – ela o cortou: - Depois conversamos!
- Não!... – segurou suas mãos, estava trêmulo: - Fique comigo,... Não precisamos fazer nada! Apenas, não me deixe sozinho. – ela concordou e o beijou.
Jeferson se aproximou dizendo: - Você tá me escondendo alguma coisa!
Rafael respondeu: - Por favor, esqueça isto! Como Deyse falou, foi só uma brincadeira escrota. – e o abraçou, recebendo discreta retribuição.
No corredor á entrada do elevador Rosa falou: - Joel já desceu e está esperando na van; disse para irmos ao apartamento dele porque a festa vai continuar lá! – Mariah insistiu: - Vamos, Jeferson! – o abraçou: - Eu quero ver o dia nascer fazendo “bobiça” com você! – ele concordou e entraram no elevador.

 Rafael encostou-se ao sofá, e resmungou: – Estraguei a festa com essas lembranças absurdas! Por que não fiquei calado.
Vanessa sentou-se ao seu lado e disparou: - Amor, estamos apenas eu e você aqui, portanto, vamos começar a falar a verdade! – encarou-o: - Não sou burra e vi que você não falou tudo!
- Não tinha o que falar,... Foi tudo uma brincadeira irresponsável de um adulto de 42 anos metido a rico, como bem disse meu irmãozinho.
- Lamento, mas esta dissimulação não vai funcionar! – segurou-o pelo rosto. – Amo você e estamos juntos a um bom tempo, mas não quero ser a ultima pessoa á saber coisas da sua vida, que posso não gostar! – lágrimas brotaram nos olhos de Rafael e ele falou: - Você tem razão!... Há coisas na minha vida que,... Tenho vergonha e medo, mas preciso me abrir para não enlouquecer! – limpou os olhos com as costas das mãos e disse. – Em primeiro lugar, o sobrenome de minha bisavó não foi mudado á toa. Mudou por que era Grese! Como professora de história, ligue os fatos!
Ela pensou um pouco: - O nome de sua bisavó era Irma,... Irma Grese?
- Sim, o anjo da morte do campo de concentração de Berger – Belsen, na Alemanha nazista! Por isto alteraram nossos sobrenomes para Gomes para nos resguardar de algum tipo de represália ou perseguição. Eu deveria chamar Rafael Grese!
- Meu deus. Eu entendo! Seu irmão sabe disto?
- Não; e nem pode saber! Eu descobri por acaso e meu pai me fez jurar que nunca diria a ninguém. Mas não é só isto: quando eu era criança, ainda filho único, meus pais se separaram por um tempo e meu pai se envolveu com uma enfermeira, que ficou grávida. Ele assumiria o filho, mas ela faleceu no parto e papai não teve alternativa senão ficar com o bebê. Mas, havia um problema: a enfermeira se chamava Sara Steinberg, e era judia. Então minha mãe aceitou registrar a criança como se fosse biológica.
- Por que sua mãe fez isto?
- Por causa do cunhado, meu tio Claudius, irmão do meu pai. Ele é nazista, assim como quase toda a família. Os Grese jamais aceitariam uma criança gerada num ventre de uma mulher judia,... Eu era estudante universitário quando descobri isto e achei que abaixar a cabeça á este absurdo era o mesmo que ser conivente ao nazismo! Mas meu pai insistiu em manter este segredo, me implorou, até porque Jeferson era adolescente e não suportaria a rejeição da família. Tio Cláudius certamente seria o primeiro a rejeitá-lo! – abanou a cabeça: - Assim, eu jurei sustentar esta mentira para sempre!... Eu amo meu irmão, e sempre tentei protegê-lo, mas,... – não conseguia continuar e Vanessa insistiu: - Mas o quê. Rafael?
Ele respirou como que buscando fôlego, e prosseguiu: - Nunca de deve brincar com o mundo dos espíritos, e é o que fizemos naquela noite em 1990! Eu vi claramente quem era o vulto que se colocou atrás de Jeferson; era nossa bisavó Irma Grese!... Ela levantou as duas mãos sobre a cabeça de meu irmão e disse algo que me pareceu: “Er ist unrein. Muss sterben!”. Eu não sabia o que era, mas entendi que ela não podia tocar em Jeferson! Por isto eu rompi a corrente e saí correndo. – virou-se á Vanessa: - Podemos esconder a verdade neste plano, mas não para quem pode ver além,... E o espírito daquela nazista vê, e o odeia!
- Mas,... Não entendo!... Deve ter sido uma alucinação, vocês eram crianças!
- Não foi! – ele suspirou: - Acredite ou não, eu sou o que chamam médium! Sou como um mediador entre o mundo físico e o metafísico, por isto preciso fazer esta viagem de estudos ao sobrenatural! – abaixou a cabeça: - Está me achando um maluco, né?
Ela o abraçou: - Claro que não, amor!
- Tenho feito de tudo para afastar Jeferson de qualquer coisa minimamente sobrenatural. Tenho medo que ele vá numa sessão de espíritos e Irma se manifeste! – riso: - Tentei até induzi-lo a se tornar evangélico! Algumas vezes eu pensei em evocá-la para tentar exorcizá-la. Cheguei a obter uma tábua Ouija verdadeira para fazê-lo.
- Oh não Rafael, por favor, não mexa com isto, pode ser perigoso! Onde está esta tábua Ouija? – perguntou Vanessa aflita. – Não é melhor destruí-la?
Após uns instantes ele afirmou: - Tem razão,... – levantou-se. – Vou fazer isto agora! – e seguiu rápido aos seus aposentos. Vanessa ficou aguardando, pensando: - Meu deus, que loucura!
- Não!... Não está aqui! – Rafael voltou á sala, apavorado. – A tábua estava escondida no armarinho do banheiro e sumiu; alguém a pegou!
Vanessa lembrou: - Joel foi ao banheiro entes de sair e se retirou sem despedir de ninguém! Foram todos ao apartamento dele para continuar a festa!... Jeferson foi com ele!
- Aquele idiota é metido á exotérico, e sabia da tábua,... Só que também é médium! – correu á porta: - Preciso impedir aquele palhaço de fazer a sessão! – Vanessa o acompanhou.
No caminho tentaram contato com todos aos amigos que saíram junto com Joel, mas os telefones estavam fora de área ou desligados.
Ao chegar ao condomínio de Joel, a portaria barrou sua entrada pedindo algum documento de identificação. Na pressa Rafael esqueceu-se de apanhar a carteira, e Vanessa sua bolsa. – Olhe,... É uma emergência!... Interfone ao apartamento 903 e diga que o Rafael está aqui! – o porteiro se virou para fazer a ligação, e em instantes voltou dizendo que ninguém atendia, enquanto Vanessa conseguia completar uma ligação: - O quê?... Fale devagar Mariah!
 Começaram a escutar gritos e viram pessoas correndo. Rafael acelerou o carro arrebentando a cancela da portaria e parou próximo á uma aglomeração de gente, e saiu pressentindo a pior das notícias. Ao se aproximar viu o corpo de Jeferson no asfalto. Tinha se jogado do nono andar. Ajoelhado, ele desesperou: - Não,... Não,... Perdão, eu falhei. – Viu Joel se aproximar assustado, se levantou e agarrou o colarinho da sua camisa em fúria: - Seu idiota,... O que você fez?
- Era só uma brincadeira!... - respondia Joel em pânico. – Sabe;... Como nos filmes! Aí ele levantou da cadeira e gritou: “sou impuro, sou impuro!”. E pulou a varanda,... Não conseguimos segurar!...
Rafael desferiu-lhe um soco, sendo contido pelos amigos e Vanessa que falou. – Ele não tem culpa,... Não sabia!
 - Me deixem!... – desvencilhou-se e seguiu chorando ao seu carro. – Eu falhei,... Meu deus, eu falhei! - ao aproximar do veículo, em prantos, pôde notar que o para brisa estava embaçado e havia algo escrito: “Er ist unrein. Musste Sterben!”.
Rapidamente ele apanhou seu celular e buscou o tradutor no Google: e a frase queria dizer em português: “Ele era impuro. Tinha que morrer!”.
Então jogou o parelho ao chão e ajoelhou-se chorando e dizendo: - Maldita! – sendo consolado Por Vanessa.

Tempos depois...
- Você vendeu tudo; apartamento, carro; largou o emprego. Tudo por causa desta culpa, que não é sua! – falou Vanessa: - Já se passaram três meses; você precisa superar isto!
Rafael acabava de arrumar sua mochila, e respondeu: - Eu demorei demais para entender que tinha uma missão á qual devia ter me preparado! Mas fui tolo, presunçoso e achei que era só ser indiferente que tudo desapareceria. Mas não é assim, amor!
- Para aonde você pretende ir? – perguntou Vanessa.
Ele deu de ombros: - Procurar respostas onde quer que elas estejam!... – colocou a mochila nas costas e uma bolsa a tiracolo. – Os Grese carregam uma maldição!... Preciso de respostas! – beijou Vanessa. – Perdão,... Não posso ser o que você precisa agora. Para o seu bem. Me esqueça!
Lágrimas rolavam á sua face: - Não seja mais presunçoso ainda tentando adivinhar o que é bom para mim! – chegou o Uber, e ele a beijou novamente, entrou no carro e saiu. Ele ainda a olhou pelo vidro traseiro, parada á calçada limpando os olhos.
Então Rafael abanou a cabeça, também com olhos molhados e resmungou; - Droga!... Mas é preciso. - Apanhou uma foto sua ao lado do irmão e disse: - Não é apenas por você,... É por mim!
E seguiu ao aeroporto.

Fim.

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