quarta-feira, 1 de abril de 2020

JAMPA.


CONTINUAÇÃO:


TERCEIRO CAPÍTULO: PROMESSAS.


Tom pôs as duas mãos no rosto e disse. - Que doideira!... Eu nunca fiz isto!
Ela riu. – O quê? Nunca fez sexo antes, era virgem?
 – Não! Quero dizer que nunca fiz isto num lugar público; ah, isto é atentado violento ao pudor!
Ela o abraçou: – Pudor a esta altura seria inútil como uma lâmpada acesa debaixo do sol do meio dia! Está arrependido?
– Não estou arrependido!
Ela olhou o mar e o convidou á um mergulho. – Vamos cair na água? Não tem ninguém perto. - e saíram os dois para um banho no mar de Jampa, nus como duas crianças levadas. Eles mergulhavam e depois atiravam água um no outro. Saltavam sobre as ondas e se abraçavam em beijos com gosto de mar. Teca riu e apontou: - Ih, sujou!... Vem um cara aí! - os dois saíram do mar e correram ao seu refúgio rochoso, cavando a areia em busca de alguma vestimenta.
- Por pouco a gente não pegava o artigo 213! – falou Tom aos risos.
Teca vestiu sua camisa, amarrando-a á cintura, sem o sutiã do biquíni e falou: - Ei, o cara é vendedor de cocos! – remexeu na sua bolsinha a cata de dinheiro e saiu correndo ao encontro do rapaz. Tom olhava a cena que lhe pareceu deliciosa e leve; mas seu riso foi perdendo a força até seu semblante torna-se sério ao retornar á realidade.
 - Puta merda; o que eu estou fazendo? Isto não podia ter acontecido. É a irmã da Ciça! - apanhou seu telefone, e estava cheio de chamadas dela.
Teca voltou trazendo dois cocos com canudinhos, passando um á Tom e bebendo um generoso gole da água depois despejou um pouco da água do coco na cabeça, deixando o liquido escorrer pelo pescoço e corpo para tirar um pouco do sal. Tom fez o mesmo, despejando o restante na cabeça. Ela sentou ao seu lado e disse. - Quando você foi morar na casa ao lado com sua esposa, eu ficava te olhando pela janela, e pensando: “nossa, que homão!”- riso. – Coisa de mocinha!
- Porque você não falava comigo?
Ela deu de ombros: - Sei lá!... A Ciça criticava tudo que eu fazia,... E por falar nisso, ela deve estar doida atrás de mim! – apanhou seu celular. – Putz! Ligou não sei quantas vezes! – retornou a ligação, e ela logo atendeu: – Sua doida; já são mais de três horas da tarde, á onde você está?
- Na praia!
- Ah, que lindo, e até que horas a boneca vai ficar aí? Eu nem almocei ainda de preocupação, sabia?
- Já estou voltando para o hotel Ciça, fica fria, pode ir almoçando! Tchau! - Teca desligou e falou entre risos. – É melhor a gente ir embora. - levantaram-se batendo a areia da bunda e seguiram pela praia na direção do buggy.  Ela parou diante dele e acariciou seu rosto, buscando mais um beijo. Ele retribuiu e disse. – Eu quero te pedir que não fale disso com a Ciça.
- Não vou falar nada com ela. Até por que!... – deu-lhe um selinho. ...- Somos vizinhos! Vamos nos ver sempre.
Logo estavam no calçadão em frente ao hotel. Teca abriu os braços e esticou o pescoço para lhe beijar. Ele retribuiu prestando atenção á entrada do hotel: se Ciça os viesse, ele estaria perdido. Teca saiu do buggy dizendo: - Tchau; senhor Rogério Mattei!
Ele sorriu, e saiu rápido com o carro, entrando numa rua adiante, parando e buscando seu telefone.
 - Oi meu amor!
Ela respondeu irada. – Meu amor é o caralho, eu já liguei mais de mil vezes; a onde você estava Tom?
- Estava,... Quero dizer, eu estou no quarto... Estava dormindo.
- Que beleza; e nem pra atender a porra do telefone!  Eu vou aí te encontrar, me espere aí com seu entusiasmo bem ereto que estou chegando! Beijo! – desligaram, e Tom seguiu á sua pensão para se preparar.

No quarto do hotel Ciça esperava por Teca.
 - Então a bonita vai á praia e nem me dá satisfações! Eu fiquei preocupada, sabia?
– Desculpe-me Ciça, mas a praia estava tão boa que eu me esqueci da vida!
– Hum,... Você estava sozinha?
Ela desconversou: – Aqui tudo é tão bonito que a gente nem vê que está só!... Mas, e se eu estivesse com alguém?  
Ciça deu de ombros: - Não tenho nada com isto, se é o que você quer dizer; mas tome cuidado com estranhos porque rato de praia tem para todo o lado! Eu almocei enquanto te esperava e agora vou sair; dar uma volta no shopping e vou demorar. – apanhou sua bolsa laranja e saiu.

Horas depois, no quarto da pensão. Tom e Ciça estavam nus deitados na cama após o sexo. Ela fumava um cigarro e deixou a guimba no cinzeiro falando: - O que há com você Tom? Senti seu entusiasmo menos interessado.
– Não foi bom?
–Vamos dizer: eficiente, mas não tão eficaz.
– Pois me pareceu que você ficou bem satisfeita!
- Ah, desculpe Tom! – ela o abraçou. – Eu é que não estou cem por cento. Mas eu estou decidida a acabar com esta agonia! – se ergueu e prosseguiu. – Amanhã cedo vou levar Teca á Praia dos Coqueiros; é afastada de modo que se ela quiser fazer escândalos, pode fazer á vontade que não vai ter plateia!
 – Espere Ciça! Não sei se é a coisa certa a fazer,... Eu pensei bem no caso e acho que você não deve fazer isto!
Ela o olhou: - Essa é boa! Você está me atentando á mais de um ano para eu fazer isto; e agora vem me pedir o contrário?
- Este é exatamente o ponto que eu quero chegar! Teca é sua única família, não é? Eu não quero ser acusado mais tarde de ter sido o causador do seu rompimento com ela!
- Ah meu anjo, você está com medo que eu me arrependa e sofra depois? Eu nunca vou te acusar disto!
Olhando-a sério: - Você diz isto agora, mas e no futuro? Laços de família são muito fortes e eu não quero que você venha jogar isto na minha cara no futuro!Vamos aguardar mais um pouco para que você tenha certeza absoluta desta decisão. E tem mais uma coisa! Porra,... A gente está aqui nesse paraíso, mas até agora nem curtiu, e você ainda vem reclamar que eu não fui eficaz? Mas que eficácia você espera de um cara que tem que regular os encontros com a namorada somente quando ela pode! – mostrou as mãos. – Olhe, daqui a pouco vão ter calos de tanta justiça que eu estou fazendo! E tem outra coisa: se você falar isto com ela agora, como vai ficar o ambiente depois, héim? Eu respondo: ruim, porque te conheço bem demais para saber que vai ficar remoendo! Estou falando mentira?
- Hum,... Não.
- Por favor, Ciça, não vamos estragar esse momento. Olhe em torno; estamos no paraíso de Jampa!
Ela fez um beicinho ao dizer: - Então eu tenho uma ideia: você aluga um quarto no meu hotel, e á noite eu vou lá e agente se ama a madrugada inteira!
– Tenho ideia melhor: você manda sua irmã de volta á Minas, amanhã mesmo. Depois eu me hospedo no seu hotel, ficamos juntos no seu quarto e a gente vai transar até ver estrelas! Que tal?
- Como resistir? – beijaram-se ardentemente e ele ainda cobrou: - Mas só se você prometer que não vai falar nada com sua irmã aqui em Jampa!
– Ok, tudo que seu mestre mandar! - os dois riram e se beijaram

Ciça não ficou a noite inteira e voltou ao hotel por volta das duas da madrugada.
Havia amanhecido e Tom estava naqueles momentos em que e mente oscila entre o sono e o despertar. Seus pensamentos se desenrolavam:  -... Não quero perder a Ciça. Eu a amo,... Acho que é o mais perto do amor que já consegui chegar!... Mas quando ela souber que transei com Teca, não vai perdoar!... – Tom fechou os olhos e ia embarcando no sono quando teve um insight e se sentou na cama. - Espere aí? Ciça aceitou rápido demais a minha sugestão. Ela não é assim! - então buscou seu telefone e fez uma ligação. - Alô, Ciça meu amor?
Dengosa, ela respondeu: - Oi Amor! Hummm, eu adoro quando você me chama de meu amor! Chama de novo?
Ele o fez: - Oi, meu amor!
– Ahh,... Assim eu fico molhadinha, você sabe!
– Que delícia, eu já estou com sede! Vamos nos encontrar para continuarmos de onde paramos ontem?
Breve silêncio: – Não vai dar Tom. Suas palavras foram muito sensatas e eu fiquei muito feliz de ver a sua preocupação que eu perca meus referenciais familiares e depois fique mal; isso foi muito legal! Mas eu cheguei á conclusão que não dá para adiar esta conversa. Eu prometi que não ia sair da Paraíba sem resolver esta questão com Teca!
Tenso, ele replicou: - Sim, eu sei que você prometeu isto para mim; mas eu te desobrigo desta promessa...
– A promessa não foi só para você Tom; foi para mim mesma! Eu não vou sair de Jampa levando essa questão de volta na bagagem. Vim aqui para isto e se não fizer agora, a coisa vai enrolando cada vez mais! Vou leva-la á um recanto rochoso mais escondido na Praia dos Coqueiros e vou expor a situação á Teca de uma forma definitiva!
Ele ainda pediu: - Não faça isto Ciça! Vamos pensar bem antes de,... Alô? Alô?... Caiu? – olhou o celular com a bateria totalmente esgotada.
– Alô? Alô Tom? – ela leu no visor. “desligado ou fora da área”. Então Teca chegou; Ciça guardou o fone na bolsa e falou. - O táxi já esta esperando lá fora!
Teca olhou o céu. – Está nublado. A gente ainda vai á praia com céu assim?
– Não vamos cair na água; só passear. – falou abrindo a porta do táxi.

CONTINUA.

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